UFC concede diploma póstumo a estudante assassinado na ditadura

 

Foto: UFC/Divulgação 


 O líder do movimento estudantil Bergson Gurjão Farias terá um título de graduação póstumo concedido pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Em 1969, ele foi expulso da universidade por conta da atuação política durante a ditadura militar. Bergson foi assassinado em 1972, aos 25 anos.

Com o diploma, o estudante se une aos mais de 130 mil alunos formados pela UFC. A instituição fará um evento para a concessão do diploma post mortem nesta sexta-feita (16), a partir das 17h30, no prédio da Reitoria. A cerimônia será aberta ao público e aos familiares do homenageado.

A data foi escolhida por ser a véspera do aniversário de Bergson Gurjão: ele nasceu no dia 17 de maio de 1947. O diploma póstumo para Bergson havia sido aprovado pelo Conselho Universitário (Consuni) em dezembro de 2024.

Atuação de Bergson na ditadura

Familiares de Bergson Gurjão em visita à UFC após aprovação da concessão do diploma póstumo — Foto: Guilherme Silva/UFC/Divulgação
Familiares de Bergson Gurjão em visita à UFC após aprovação da concessão do diploma póstumo — Foto: Guilherme Silva/UFC/Divulgação


Segundo a UFC, o objetivo desta celebração é fazer uma reparação histórica. O diploma póstumo será concedido 53 depois do assassinato do estudante.

Nos anos 1960, Bergson Gurjão foi líder do movimento estudantil, exerceu a vice-presidência do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e foi diretor do Centro Acadêmico dos Institutos de Ciências da UFC.

Ele teve a matrícula cassada pela ditadura militar por conta da atuação política, conforme informações da universidade.

Perseguido pelas forças de repressão da ditatura militar, ele atuou na militância clandestina e foi morto pelo Exército em maio de 1972, na Guerrilha do Araguaia. O nome dele foi divulgado como desaparecido.

Os restos mortais de Bergson Gurjão foram identificados nos anos 1990, com exames de DNA, permitindo que a família realizasse um funeral.

Ações de reparação

Em 2024, o Termo de Reconciliação Histórica foi entregue pela UFC a ex-militantes estudantis que foram perseguidos pela ditadura militar.

O ato foi realizado durante a abertura da exposição “Semente de Lutas”, que marcou também a inauguração do Espaço Cultural Bergson Gurjão Farias, na Reitoria.

A universidade também havia sediado o velório do estudante em outubro de 2009, quando os restos mortais de Bergson foram transferidos de Brasília para Fortaleza com honras de Estado. A mãe do estudante morreu aos 95 anos, quatro meses após a realização do velório na Reitoria da UFC.



(G1) 

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