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Foto: Reprodução |
A Ferrovia Transnordestina dá mais um passo decisivo rumo à conclusão de seu traçado estratégico no Ceará. Nesta quinta-feira (5), o Governo Federal e autoridades estaduais assinaram a ordem de serviço do Lote 8, que vai ligar os municípios de Quixadá, Itapiúna, Capistrano e Baturité — região do Maciço de Baturité. O trecho de aproximadamente 46 km receberá um investimento de R$ 1 bilhão e prevê a geração de até mil empregos diretos.
A força da ferrovia no interior cearense
O Lote 8 inclui a construção de três pontes, dois viadutos e quatro passagens de nível. Mais que números, a obra carrega um simbolismo forte para a população da região, que vê na ferrovia a promessa de retomada do desenvolvimento industrial e da mobilidade de cargas.
Natural de Baturité, o governador Elmano de Freitas destacou o resgate histórico representado pelo projeto. “Nossa estação ferroviária já foi o coração econômico da cidade. Agora, temos a chance de reviver essa potência econômica, atraindo empresas e gerando empregos para o povo do Ceará.”
Antes da solenidade, a comitiva visitou obras em Quixadá. Um dos trabalhadores, atuando desde 2006 no projeto, relatou que nunca viu tamanho avanço. Para o ministro dos Transportes, isso é reflexo da retomada dos investimentos. “O presidente Lula garantiu R$ 5 bilhões para que essa obra seja concluída até 2027. Essa é uma prioridade nacional.”
Logística moderna para o agronegócio e a indústria
A Transnordestina integra o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e tem atualmente 75% das obras concluídas na primeira fase. A estimativa é que essa etapa seja finalizada até 2027, com a segunda fase prevista para 2029. Ao todo, o projeto contará com 1.206 km de extensão em sua linha principal, atravessando 53 municípios nos estados do Piauí, Pernambuco e Ceará.
No Ceará, o traçado terá 608 km e passará por 28 municípios, além de contar com três terminais de carga. Um deles, voltado ao escoamento de grãos, será construído entre Iguatu e Quixadá. Outros dois terminais — para combustíveis e fertilizantes — ainda terão localização definida. A ferrovia deverá impulsionar tanto o agronegócio de grande escala quanto pequenas cadeias produtivas, como a bacia leiteira do estado.
Novos polos logísticos: Portos Secos no Sertão e Cariri
O investimento logístico não se limita aos trilhos. Em Quixeramobim, será instalado o primeiro complexo logístico multimodal do estado, com uma Estação Aduaneira do Interior (EADI), o chamado Porto Seco. A obra terá aporte de R$ 500 milhões da empresa Value Global Group e deve gerar mais de 1.300 empregos.
Outro projeto similar está em estudo para Missão Velha, no Cariri. A Fundação Astef foi contratada pela Adece (Agência de Desenvolvimento do Ceará) para realizar a análise de viabilidade econômica da região.
Um eixo de integração para o futuro
Mais do que uma obra de infraestrutura, a Transnordestina é vista como um vetor de transformação para o Nordeste. Ela reduzirá custos logísticos, aumentará a competitividade do agronegócio e da indústria, e oferecerá novas oportunidades econômicas em regiões historicamente marginalizadas nos grandes eixos produtivos do país.
“Essa ferrovia não transporta só carga — ela transporta sonhos, oportunidades e desenvolvimento para milhares de nordestinos”, resumiu o diretor da Transnordestina Logística S.A., Tufi Daher Filho.
A previsão é que as primeiras operações de carga comecem em 2025, a partir do Terminal Intermodal de Bela Vista do Piauí, marcando uma nova era para o transporte ferroviário do Brasil.
(GCMais)