A Advocacia-Geral da União (AGU) informou que voluntariamente cumprirá a solicitação para a realização de uma nova autópsia no corpo de Juliana Marins, que morreu na semana passada ao cair e deslizar num penhasco enquanto realizava uma trilha próximo ao vulcão Rinjani, na Indonésia. O exame será realizado assim que os restos mortais da jovem chegarem ao Brasil, nesta terça-feira (1º).
O pedido de nova necrópsia para apurar as circunstâncias e causas da morte da brasileira foi feito pela Defensoria Pública da União (DPU), após a família da publicitária acionar o órgão, com auxílio do Gabinete de Gestão Integrada Municipal da Prefeitura Niterói — onde reside a vítima.
A nova autópsia deve acontecer em, no máximo, seis horas após a chegada em território nacional do corpo. O prazo visa garantir a preservação de evidências.
O pedido para a realização do novo exame é motivado por dúvidas geradas pela certidão de óbito emitida pela Embaixada do Brasil em Jacarta, capital da Indonésia. O documento, baseado nos dados das autoridades indonésias, não esclareceu quando Juliana Marins faleceu, já que ela caiu na trilha do vulcão em 21 de junho (20, no Brasil), mas só foi resgatada, sem vida, no dia 25.
Como será a nova autópsia
Na tarde desta terça-feira, às 15h, uma audiência será realizada a pedido da AGU com a DPU e com o estado do Rio de Janeiro. O encontro visa definir a forma mais adequada de atender ao desejo da família.
Os detalhes de como e onde será feita a nova necrópsia serão definidos durante essa reunião, quando serão indicadas as responsabilidades de cada ente federativo.
A Polícia Federal, no entanto, já registrou disponibilidade para colaborar, por exemplo, com o traslado do corpo até o Instituto Médico Legal (IML) que for designado, caso seja essa a medida definida pelas instituições.
A Advogacia-Geral detalhou que a decisão de atender com urgência todos os pedidos dos familiares de Juliana partiu de uma determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O que falta esclarecer sobre a morte de Juliana Marins
- Houve emissão de socorro por parte das autoridades da Indonésia? Esta é a principal controvérsia em torno da morte de Juliana Marins e, dependendo do resultado, poderá levar à responsabilização civil e criminal.
- Quando a brasileira morreu? A primeira autópsia foi realizada na quinta-feira (26/6) em um hospital na ilha de Bali, quando o legista responsável informou que o falecimento teria ocorrido logo após a queda da jovem, ainda no sábado (21/6), devido a um forte traumatismo. No entanto, imagens de drones de turistas sugerem que Juliana tenha resistido ao acidente inicial e esperado dias pelo resgate.
A expectativa é de que um novo exame, agora em território nacional, esclareça definitivamente as causas e o momento da morte da jovem publicitária.
O que diz a primeira autópsia de Juliana Marins
O corpo da brasileira foi submetido a uma autópsia na última quinta-feira, no Hospital Bali Mandara, na província indonésia de Bali. O resultado do exame, revelado na sexta-feira (27), indicou que um trauma contundente na região do tórax teria sido a causa da morte da publicitária, conforme a BBC.
O especialista forense Ida Bagus Alit detalhou, à imprensa, que a jovem de 26 anos teve sangramento e órgãos internos danificados devido às seguintes lesões:
- Fraturas no tórax, ombro, coluna e coxa;
- Arranhões e escoriações.
O especialista forense indonésio explicou, à imprensa do país, não haver evidências que indiquem que a brasileira tenha morrido muito tempo após os ferimentos, segundo as informações da BBC.
"Havia um ferimento na cabeça, mas nenhum sinal de hérnia cerebral. A hérnia cerebral geralmente ocorre de várias horas a vários dias após o trauma. Da mesma forma, no tórax e no abdômen, houve sangramento significativo, mas nenhum órgão apresentou sinais de retração que indicassem sangramento lento. Isso sugere que a morte ocorreu logo após os ferimentos".
A partir dos resultados da autópsia de Juliana Marins, o especialista estimou que ela morreu cerca de 20 minutos após sofrer as lesões.