Fim do casamento: reposicionamento do PDT e movimentos de Ciro indicam fim da relação de 10 anos

 




O PDT no Ceará está entrando de vez em uma nova fase. A primeira reunião da nova comissão provisória do diretório municipal de Fortaleza, realizada na terça-feira (29), deu um sinal claro de busca por um realinhamento político com o grupo petista que comanda o Estado. Estes fatos e as declarações recentes do ex-ministro Ciro Gomes praticamente cravam o afastamento entre as partes, após 10 anos.  

A mudança no comando da sigla na Capital, agora sob a presidência de Iraguassú Filho, sela o fim do ciclo iniciado por Roberto Cláudio, aliado de Ciro, que deixou o PDT para ingressar no União Brasil e integrar um grupo de oposição ao governador Elmano de Freitas. O caso de Fortaleza, em que o novo comando deixa clara a busca por apoio ao governo estadual, mostra que a mudança se estende também pelo Estado. 

Iraguassú, o novo presidente, integra o secretariado do prefeito Evandro Leitão (PT) e comanda um diretório disposto a estreitar laços com o atual governo estadual, mesmo que, por ora, evite assumir isso de forma oficial.


Um novo (velho) campo de alianças 

A legenda elegeu a maior bancada na Câmara Municipal nas últimas eleições, apesar do fraco desempenho na disputa pela Prefeitura, quando José Sarto ficou de fora do segundo turno. Apesar de divido entre André Fernandes e Evandro Leitão na fase decisiva, o PDT praticamente promoveu uma recomposição com o petista, no novo mandato dele na Prefeitura.  

Mais do que compor o governo, o partido já ensaia sua reconfiguração para as eleições de 2026. A sigla quer montar uma chapa competitiva para a Assembleia Legislativa e, para isso, quer os vereadores de Fortaleza, eleitos no ano passado, como força da base eleitoral. É uma estratégia para tentar manter o capital político e consolidar uma renovação, agora sem o grupo cirista. 

A crise pós-2022 e a ruptura com o passado 

A reconfiguração é consequência da ruptura de 2022, quando o PDT lançou Roberto Cláudio ao governo estadual, rompendo com o grupo de Camilo Santana (PT). A derrota nas urnas veio acompanhada de um racha interno profundo, com o êxodo de lideranças como Cid Gomes e seus aliados para o PSB. 

Os quatro deputados estaduais do PDT atualmente deverão deixar a legenda na próxima janela partidária, rumo a partidos de oposição. Do outro lado, a ala que agora comanda o diretório em Fortaleza aposta no caminho inverso: a aproximação com o petismo como forma de sobrevivência. 

O destino de Ciro e os desdobramentos 

Enquanto isso, o ex-ministro Ciro Gomes articula migração para uma nova sigla. Embora ainda não tenha oficializado a desfiliação, ele mantém conversas com o PSDB. Além disso, o ex-governador tem feito duras críticas ao governo petista e considera até a possibildiade de ser candidato a governador na oposição a Elmano.  

A migração, que está perto de se concretizar, marcará o fim de uma trajetória de uma década do ex-ministro no trabalhismo brasileiro.  

O novo momento trará dificuldades, mas tende a livrar o PDT das danosas divisões internas.




(Diário do Nordeste)

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