Japão suspende importação de frango, ovos e derivados do Ceará


 



O Japão suspendeu a importação de frango, ovos e derivados de carne de frango do Ceará, após Quixeramobim, a cerca de 212 km de Fortaleza, registrar um caso de gripe aviária em uma criação de subsistência.

As medidas são válidas para mercadorias produzidas a partir de 18 de julho. Produtos abatidos ou industrializados antes da data base, com certificado de garantia de que foram armazenados de forma segura até a exportação, não estão sujeitos à suspensão.

A informação é do Ministério da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão e foi detalhada nesta terça-feira, 22, pelo diretor de Sanidade Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri), Amorim Sobreira, em entrevista à Rádio O POVO CBN.

O especialista frisou que, embora outros países possam suspender exportações apenas em casos registrados em granjas comerciais, o país adota um protocolo de importação mais rigoroso.

“O protocolo de importação lá do Japão diz que, na menor incidência dessa doença num criatório, seja de subsistência ou pequeno, já suspende imediatamente, porque eles não querem o mínimo de chance de doenças entrarem naquele país.”

Amorim ressaltou que o Ceará é polo de produção de aves comerciais, com indústrias de grande porte, e é um importante exportador de genética avícola para o mundo inteiro, incluindo matrizes de Galinha da Angola (capote) e ovos embrionados. 

“Por isso, a gente precisa eliminar imediatamente esse foco para que essa doença não se espalhe e não chegue até as granjas comerciais.”

Além disso, explicou que a principal suspeita da contaminação com a gripe aviária na segunda cidade mais populosa do Sertão Central cearense foi pela presença das aves migratórias, que passam pela rota Brasil-Central e a Atlântica, e que tiveram contato com uma fonte de água dividida com os animais desta criação de fundo de quintal.

O especialista informa que todas as espécies do criador tiveram de ser abatidas, por meio de processo humanizado de eutanasia, com aplicação de anestesia. 

No local também foi instalada uma barreira sanitária, onde todos os veículos e pessoas passaram por processo de desinfecção. As aves e os materiais contaminados foram enterrados, com o auxílio de máquinas da Prefeitura do Município, em uma vala sanitária dentro da propriedade.

“Então, nós estamos em contato com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e com algumas ONGs, que fazem esses trabalhos de monitoramento de aves silvestres, exatamente para ver se não existe, em outros locais, animais também com essa suspeita.”

Também explicou que, desde sábado, a Adagri está realizando um trabalho intensivo de vigilância sanitária em um raio de até 10 km ao redor do foco da gripe aviária. Até a terça-feira da semana passada, 17 de julho, propriedades vizinhas já haviam sido visitadas, mas nenhuma das aves examinadas apresentou sintomas.

A expectativa é que o processo seja finalizado até esta quinta-feira, 24. Logo depois, caso não apresente nenhuma ave com a doença, a informação será levada à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) para tranquilizar os países importadores. 

Amorim ainda ressaltou a importância de todos os criadores realizarem cadastro na Agência cearense. Ele citou que havia apenas seis estabelecimentos que criavam aves na região, mas na investigação foram detectadas 17 propriedades.

Entenda o caso

O Ceará registrou o primeiro caso de gripe aviária do tipo H5N1 em aves domésticas em uma criação de subsistência, quando as aves são produzidas para consumo próprio, em Quixeramobim.

Por meio de nota, a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) informou que a propriedade foi isolada e que as aves foram mortas na sexta-feira, 18.

A criação passará pelo protocolo de saneamento previsto pelo Plano Nacional de Contingência de Influenza Aviária, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). A Adagri também investiga as propriedades num raio de 10 quilômetros do foco para verificar o possível vínculo com outras criações.

A agência reforça que o consumo de carne de aves e ovos armazenados em casa ou em pontos de venda é seguro, porque a doença não é transmitida por meio do consumo. O órgão reitera que não há nenhuma restrição quanto ao consumo.

Serviço

Qualquer suspeita de Influenza Aviária, que indique animais com sinais respiratórios e/ou neurológicos ou alta mortalidade súbita em aves deve ser notificada imediatamente à Adagri mais próxima ou por meio do telefone: 0800-2800410.





(O Povo)

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