Venda de logins e senhas na 'dark web' impulsiona golpe do falso advogado no Ceará

 





Advogados e clientes continuam a ser vítimas diante do crescimento expressivo da fraude que ficou conhecida como 'golpe do falso advogado'. Segundo o coordenador estadual de fiscalização da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Ceará (OAB-CE), Fábio Costa, existe a informação de 'que há uma venda no 'mercado negro' de login e senhas de advogados".

Em 2024, a OAB-CE recebeu 57 denúncias. Já neste ano, o número ultrapassou 675 ocorrências. De acordo com a Ordem, "para as denúncias recebidas, advogados relataram que os golpistas tentaram aplicar golpes em mais de um cliente".

Fábio Costa diz acreditar que há ainda o envolvimento de 'hackers' que usam sistemas para pegar as senhas e vendê-las: 'A OAB tem informações que existem várias associações criminosas por trás desses golpes. Praticam esse tipo de golpe no Brasil todo. Não temos informação de que há envolvimento de facção… Eles estão mudando o modus operandi. Agora se passando por juízes, servidores de varas...".

O Diário do Nordeste apurou que, pelo menos, 17 suspeitos pela fraude foram presos com auxílio das autoridades cearenses em 2025, incluindo operações deflagradas em outros Estados do Brasil.

A Polícia Civil do Estado do Ceará disse por nota que "em maio deste ano, por meio de investigação da Delegacia de Defraudações e Falsificações prendeu, em maio deste ano, oito pessoas investigadas pelo envolvimento no golpe do falso advogado. Em 2024, em apoio aos demais estados foram presas 35 pessoas, sendo 13 em ação no Paraná; Goiás, 13 presos; Rio Grande do Sul 9 presos; e, da operação de Santa Catarina, mandados de busca e apreensão. A PCCE segue com investigações em curso sobre o golpe".

COMO O GOLPE FUNCIONA

A ação dos estelionatários costuma acontecer via WhatsApp. Os criminosos se passam por advogados ou por pessoas ligadas ao escritório de advocacia dizendo que houve decisão favorável referente ao caso que tramita no Poder Judiciário.

A boa notícia vem acompanhada da exigência de um pagamento, disfarçado de custas ou honorários.

Segundo a PCCE, os alvos presos recentemente "faziam com que as vítimas, todas captadas na modalidade virtual, acreditassem que possuíam um valor em precatórios a receber. Os golpistas ludibriavam as vítimas, informando que para o recebimento do montante, elas precisam realizar depósitos a título de honorários, taxas, impostos ou emolumentos. 

"Os dados repassados são, na maioria das vezes verdadeiros, fazendo com que a vítima não desconfie das informações e do contato. Para tornar o golpe ainda mais convincente, os estelionatários utilizavam documentos falsos com dados corretos, inclusive timbrados com logotipos dos mais diversos órgãos estatais. Deste modo, a vítima é induzida a depositar o valor para a conta dos criminosos", divulgou a Polícia.

O coordenador estadual de Fiscalização da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Ceará (OAB-CE), acrescenta que "a gente precisa entender que o Poder Judiciário não cobra nada para liberar valores".

"Não é preciso pagar nada. Sempre que for pedido valores por WhatsApp a gente orienta que procure o advogado, ligando no telefone oficial e originário dele. Se não conseguir contato, que se dirija até ele, mas que não faça pagamento de pedido por nada no telefone"

A OAB Nacional incentiva que as vítimas denunciem "caso o cidadão tenha sido vítima de uma tentativa de golpe, ou já tenha realizado um pagamento indevido, é possível fazer uma denúncia diretamente pelo canal oficial da OAB Nacional, acessando o site. As denúncias serão encaminhadas para apuração e para as seccionais correspondentes".

OPERAÇÕES RECENTES

Nos meses de março e maio de 2025 foram deflagradas operações que resultaram em prisões de suspeitos pelos golpes. Primeiro, equipes da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS), em conjunto com a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) e o Ministério da Justiça, deflagraram a operação “Charlatan” prendendo suspeitos "especializados em fraudes com falsa identidade de advogados".

Nove pessoas foram capturadas na Região Metropolitana de Fortaleza e foram apreendidos diversos aparelhos celulares, HDs, máquinas de cartão, cartões de crédito e um veículo.

Dois meses depois, policiais civis do Estado do Ceará prenderam mais suspeitos. As prisões aconteceram em Fortaleza e nos municípios Maracanaú, na Área Integrada de Segurança 12 (AIS 12) do Estado, Cruz (AIS 17) e Jardim (AIS 19). Com o grupo foram apreendidos aparelhos celulares, que serão periciados e auxiliarão no desdobramento das investigações.

"As investigações, coordenadas pela Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), apontam que os sete presos homens e uma mulher seriam responsáveis por algumas ações dentro do grupo, dentre elas, a de movimentar as transferências de valores recebidos das vítimas. Os oito suspeitos encontram-se à disposição da Justiça", disse a Polícia. 



(Diário do Nordeste)

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