Propostas da ANP podem comprometer impacto positivo do Gás do Povo

 



O Brasil é o sexto país que mais consome o gás de cozinha, ou Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), no mundo. Com volume igual a 5,74 milhões de toneladas métricas, fica atrás apenas de países como China, Índia, Indonésia, Estados Unidos e Rússia, de acordo com a Associação Iberoamericana de Gás Liquefeito de Petróleo.

Presente em 100% dos municípios brasileiros e em 91% dos lares, o país tem, aproximadamente, 400 milhões de cargas comercializadas por ano, com 140,8 milhões de botijões em circulação.

Inclusive, a regulação e a estrutura logística brasileira são reconhecidas internacionalmente como referência, ao estabelecerem incentivos econômico-regulatórios à manutenção, requalificação e assistência técnica pelas distribuidoras sobre o parque de botijões.

Porém, segundo especialistas, a Análise de Impacto Regulatório (AIR) conduzida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) pode mudar esse cenário.

A AIR colocou o GLP no centro de discussão sobre acesso à energia, segurança, fiscalização e viabilidade econômica. Mas, de acordo com o presidente do Sindigás — entidade que representa as principais empresas de distribuição de GLP no Brasil —, Sergio Bandeira de Mello, as mudanças propostas podem comprometer uma cadeia produtiva que emprega 330 mil pessoas.

Além disso, comprometeria o programa federal Gás do Povo, que substituiu o anterior Auxílio Gás dos brasileiros, lançado em 2021, que ofertará GLP gratuito a 15,5 milhões de famílias brasileiras.

Para viabilizar o programa, o setor precisará investir, aproximadamente, R$ 2,5 bilhões na compra de novos botijões. No entanto, esse alto investimento vai na contramão da proposta de reforma regulatória da ANP, que prevê o fim da marca nos botijões e traz também a possibilidade de enchimento remoto e fracionado, o que poderia comprometer a segurança e qualidade do serviço.

A fim de destrinchar o tema, passando pelos possíveis efeitos dessa regulação, o Metrópoles entrevistou, com exclusividade, o presidente do Sindigás.

Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal Fluminense, Mello desempenhou diversas funções no setor do petróleo, com início da carreira na Texaco Brasil, onde ocupou funções de gerente regional de vendas a presidente da Texaco, no Peru.



(Metropoles)

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