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Foto: Thiago Gadelha |
Com atividades paralisadas há 72 horas, servidores públicos do Ceará realizam um protesto contra a Reforma Administrativa, na manhã desta quinta-feira (9), em Fortaleza. O movimento teve concentração na Praça da Imprensa e culminará em uma marcha dos trabalhadores até a Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).
Devido à manifestação, a avenida Desembargador Moreira foi bloqueada para o tráfego de veículos no sentido Praia-Sertão. Agentes da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) acompanham o ato para ordenamento do trânsito.
Segundo o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute), que coordena o movimento, a proposta de reforma em tramitação no Congresso representa um ataque a direitos básicos dos servidores e ameaça serviços essenciais como Educação, Saúde e Assistência Social.
A proposta prevê, entre outros pontos, o fim das férias de 60 dias, existentes em carreiras como a magistratura e o Ministério Público, e a limitação do home office.
Ana Cristina Guilherme, presidente do Sindiute, disse que o movimento tem duas frentes de reivindicações: "Uma frente de defesa ao serviço público, que o Congresso Nacional votou ontem protegendo os milionários. E a outra frente com a Prefeitura de Fortaleza, que está alinhada com essa reforma, e protelando a publicação de direitos. E que, na semana passada, aprovou o ajuste fiscal, que é uma reforma administrativa", disse.
Participam da manifestação servidores e entidades sindicais das esferas federal, estadual e municipal. Conforme Ana Cristina, a paralisação das categorias chega ao fim nesta quinta, mas não está descartado decretar uma greve por tempo indeterminado, diante do não avanço das negociações.
"Todo mês nós temos quatro audiências. A pauta que tratei em janeiro, é a mesma pauta que eu estou tratando agora. A gente sempre parava uma vez, não estava dando resultado. Estamos parando três dias. Se não der resultado, a greve vai ser fatal".
Prefeitura 'lamenta' ato
Em nota enviada à reportagem, a Secretaria Municipal da Educação (SME) lamentou a decisão do sindicato de paralisar as aulas na rede pública de ensino, "prejudicando não apenas os 235 mil alunos em pleno fim de ano letivo, mas também seus familiares e redes de apoio" e afirmou que as portas das escolas permanecem "abertas nos três dias programados para a paralisação".
"Nenhuma categoria foi tão contemplada pela nova gestão da Prefeitura de Fortaleza quanto o magistério, mesmo em meio a um cenário econômico delicado no orçamento recebido da gestão anterior", continuou o comunicado, citando o reajuste salarial de 6,27% no piso dos professores, o pagamento de R$ 23,6 milhões em pecúnia e outros ganhos.
Por fim, a pasta afirmou que segue "aberta para diálogo permanente com a categoria", inclusive sobre a reforma administrativa, que diz ser "pauta nacional e que poderia ser debatida e contraposta sem prejudicar milhares de famílias".
Para professores, texto da reforma é 'obscuro'
Suzanny Lins, 27, professora da Educação Infantil em uma escola no bairro Serrinha, foi uma das dezenas de pessoas que se mobilizaram para estar presentes na manifestação. Ela enfatiza o quanto a proposta da reforma administrativa está gerando receios e inseguranças dentro do ambiente escolar.
"O texto é muito obscuro, ainda não se tem uma compreensão muito adequada. É muito abrangente. A gente não sabe até onde vai afetar, ainda não tem essa compreensão. E a gente sabe que esses textos são feitos para isso, [para ser] de difícil compreensão, para que não haja uma mobilização, não haja manifestação", defendeu Suzanny, fazendo questão de afirmar que a categoria de professores "ainda sustenta, a ferro e fogo, sangue e suor, a qualidade da educação pública".
Iracema Lemos, de 68 anos, participou do protesto seguindo o palanque móvel de perto durante a caminhada. Professora do Ensino Fundamental no Vila União, participou com colegas de trabalho "para dizer não a essa reforma", pois ela trará a "precarização e o fim do serviço público".
(Diário do Nordeste)