O último assassinato ocorreu ainda esta semana. Um homem de 27 anos foi baleado e morreu no Centro da cidade. No local do crime, ainda é possível ver marcas de sangue no chão. A Polícia confirmou a prisão de um adulto e a apreensão de um adolescente suspeito de ter praticado o crime.
Somente no mês passado, oito pessoas foram assassinadas em Maranguape. Entre as vítimas, estava um jovem entregador, que teria sido morto por se envolver com a ex-namorada de um traficante. Em setembro, o número foi ainda maior: 10 homicídios.
A violência crescente tem deixado os moradores assustados. Muitos evitam até mesmo sair de casa. Um homem, que preferiu não se identificar, resumiu à TV Cidade Fortaleza o sentimento: “Maranguape aqui tá uma cidade muito perigosa. O crime está tomando de conta a cidade de Maranguape, que está numa situação difícil, só as mãos de Deus mesmo.”
O medo mudou os hábitos da população. Uma moradora, também sem identificação, contou como tenta se proteger: “Procurar ficar um pouco em casa, sair só para o trabalho mesmo, porque é o melhor que a gente faz, estar em casa. Tem que sair porque a gente precisa trabalhar, mas não está muito boa a situação aqui em Maranguape.”
Além das mortes, outro fenômeno grave tem se expandido: as expulsões de famílias inteiras de suas casas por organizações criminosas. Em uma vila próxima ao Centro, todas as residências estão vazias. Segundo as autoridades, os antigos moradores foram obrigados a sair após uma disputa por território entre facções. O relatório do Departamento de Repressão ao Crime Organizado mostra que Maranguape soma 19 casos de expulsão – 11 deles apenas no bairro Novo Maranguape. As demais ocorrências se espalham pelos bairros Gavião, Maranguape II, Outra Banda e Parque São João.
O professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC), Artur Pires, explica como as facções agem: “Quando domina e conquista um território rival, ele obrigatoriamente vai fazer um mapeamento daquele território recém-conquistado para identificar as redes de parentesco, de vizinhança e de amizade que tinham relação com os faccionados anteriores. Ao identificar essas redes, eles vão ameaçar essas pessoas e, posteriormente, vão expulsá-las daquele território.”
A insegurança atinge também áreas mais afastadas, como o entorno do Açude São João do Amanari, local turístico frequentado por moradores e visitantes nos fins de semana. Quando há confrontos entre facções, o movimento na região diminui, e é comum ver placas ordenando que motoristas baixem os vidros dos carros ou tirem o capacete.
Artur Pires destaca que o problema é antigo e ainda sem solução efetiva. “A gente está falando de um fenômeno que já tem por volta de uma década no estado do Ceará. E no momento a gente percebe que a polícia e os órgãos policiais como um todo, a estrutura de segurança pública do estado do Ceará se mostra até o momento ineficiente para conter o avanço desse fenômeno”, pontua.
(GCMais)



