26 barragens do CE precisam de recuperação com ‘prioridade máxima’; entenda


 


A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) é responsável direta por 89 açudes no Ceará. Destes, cerca de 70% estão em condições estruturais “satisfatórias”, segundo o Relatório Anual de Segurança de Barragens (Rasb) relativo a 2024, divulgado neste mês. Porém, 26 aparecem na lista com “prioridade máxima” de recuperação.

Isso não quer dizer, porém, que esses 26 açudes têm risco de colapso iminente. Na verdade, segundo a gerente de Segurança e Infraestrutura (Gesin) da Cogerh, Itamara Taveira, o levantamento aponta a necessidade de reparos para preservar as barragens e garantir seu funcionamento correto.

“Pode até acontecer de essas barragens que estão com prioridade de recuperação máxima estarem secas ou com volume muito baixo, e nem no médio prazo têm possibilidade de ruptura. Situação de emergência seriam as anomalias graves, que nem entram numa prioridade: elas já vão direto para recuperação”, destaca.

A manutenção se torna essencial porque, aponta o Rasb, dois em cada 10 açudes estaduais têm mais de 50 anos de operação. “Esse dado evidencia a relevância de ações permanentes voltadas à manutenção e segurança dessas estruturas, de modo a preservar sua funcionalidade e reduzir riscos associados”, sublinha a Gesin.

Veja as idades das barragens da Cogerh:

  • 4 acima de 90 anos
  • 8 entre 61 e 90 anos
  • 29 entre 31 e 60 anos
  • 47 entre 0 e 30 anos

No Rasb 2024, as vistorias detectaram 1.745 anomalias nas barragens. A maioria (1.231 ou 70%) foram identificadas como de magnitude “Grande”, seguidas por 190 “Médias”, 189 “Pequenas” e 135 “Insignificantes”. Apesar do valor alto, esse foi o menor número de anomalias em açudes nos últimos oito anos.

Itamara Taveira atribui essa redução ao esforço que a Cogerh vem aplicando nas manutenções, já que a correção das anomalias é um indicador da Companhia. “A expectativa é que isso permaneça devido às manutenções corretivas e preventivas que a gente vem executando em todas as estruturas, ao longo do ano”, reforça.

A gerente lembra que visitas técnicas são feitas duas vezes por ano, antes e após a quadra chuvosa (período que vai de fevereiro a maio). O primeiro ciclo de visitas de 2026 já deve ser iniciado em dezembro.

Quais são os principais problemas nos açudes?

No Ceará, existem 78 barragens de terra, cinco de concreto, quatro de alvenaria de pedra e duas mistas.

De acordo com o Rasb, os problemas estruturais mais recorrentes são identificados nos vertedouros, popularmente conhecidos como sangradouros, por onde a água escorre se a capacidade for ultrapassada. Em 2024, foram 296 problemas detectados.

Nessas áreas das barragens, que geralmente são escavadas, o maior problema é a obstrução causada por vegetação. Em excesso, ela pode comprometer o fluxo da água. 

Em segundo, com 237 casos, aparecem danos aos coroamentos ou cristas, o topo das barragens, onde pode haver o trânsito de veículos e cargas. A movimentação é capaz de danificar o solo, os meios-fios e o sistema de drenagem.

Conforme Itamara Taveira, as anomalias nos vertedouros são mais sérias porque podem “comprometer a barragem”. Já as do coroamento têm mais relação com a má conservação.

R$ 6,4 milhões

foram investidos pela Cogerh, em 2024, para a manutenção da segurança dos empreendimentos e com a formação técnica da equipe.

Veja a lista de açudes com prioridade máxima de recuperação:

  • Acarape do Meio, Redenção
  • Angicos, Coreaú
  • Batente, Ocara
  • Caldeirões, Saboeiro
  • Cipoada, Morada Nova
  • Cocó, Fortaleza
  • Diamante, Tianguá
  • Diamantino II, Marco
  • Gameleira, Itapipoca/Trairi/Tururu
  • Gangorra, Granja
  • Itapajé, Itapajé
  • Itaúna, Granja
  • Jaburu I, Ubajara
  • Jenipapo, Meruoca
  • Olho d'água, Várzea Alegre
  • Pacajus, Pacajus/Chorozinho
  • Pau Preto, Porteiras
  • Penedo, Maranguape
  • Poço Verde, Itapipoca
  • Rivaldo de Carvalho, Catarina
  • São José III, Ipaporanga
  • Sousa, Canindé
  • Tijuquinha, Baturité
  • Trapiá III, Coreaú
  • Valério, Altaneira
  • Vieirão, Boa Viagem
Parede da barragem protegido por pedras grandes, com trabalhadores fazendo manutenção, no interior do Ceará. À esquerda, veículos estacionados na via; à direita, a lâmina d’água do açude.

Foto: Rasb 2024/Cogerh.


Dinheiro para recuperação

A alocação de recursos para reparos de barragens mais antigas e deterioradas segue o Nível de Priorização para Recuperação (NPR), índice que indica as prioridades mínimas e máximas de intervenções.

Para o ano de 2024, foram classificadas 37 barragens com prioridade mínima, 27 com prioridade média e 26 com prioridade máxima de recuperação, totalizando 71% das estruturas com manutenção considerada satisfatória.

Apesar disso, no último ciclo, foram realizadas três obras robustas em açudes estaduais:

  • Cipoada, em Morada Nova: execução de proteção no talude (parede) de jusante e a reabilitação do sistema de drenagem;
  • Poço Verde, em Itapipoca: recuperação do rip-rap (revestimento de materiais resistentes), recomposição do aterro compactado no talude de jusante, implantação de proteção vegetal e reabilitação do sistema de drenagem;
  • Pau Preto, em Potengi: limpeza do talude e da região de jusante, limpeza do canal de restituição do vertedouro, reforço da base e recomposição da proteção vegetal.

Além disso, 350 anomalias em barragens foram corrigidas pelas equipes das 10 Gerências Regionais distribuídas em todo o Estado.

“Em todas as 89 barragens, são feitas ações de manutenção, principalmente preventivas, ao longo do ano, como conserto de calhas e correção de pequenas erosões. Isso já é rotina. Já essa priorização para recuperação são as barragens que vão precisar de um olhar mais detalhado, mais especializado. Para elas é que a gente faz uma alocação do recurso financeiro de 2025 e 2026”, detalha a gerente da Cogerh.


(Diário do Nordeste

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