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Conforme apuração da TV Verdes Mares, um grupo de policiais
foi até o condomínio onde Larissa morava, solicitou acesso ao porteiro,
digitou a senha do bloco em que a vítima residia e entrou no
apartamento usando uma chave. A ida ao local ocorreu sem autorização da Justiça ou da família da vítima.
A família de Larissa afirmou que o quarto dela estava revirado. Imagens
obtidas com exclusividade pela TV Verdes Mares mostram o baú da cama
aberto. A mãe da policial disse não saber se os agentes que invadiram o
local subtraíram algo que pudesse ser utilizado como prova no crime que
vitimou a filha.
"A gente ficou sabendo [da entrada de policiais militares no
apartamento] pelo porteiro. O porteiro falou que era [policial], mas não
era civil, que era uma polícia militar normal. E o que eles estavam
aqui? Passaram uma hora aqui dentro do apartamento dela fazendo o que se
eles não são de investigação?", questiona a mãe de Larissa, Fabíola
Gomes.
O g1
e a TV Verdes Mares tentaram contato com a defesa de Joaquim Filho para
comentar o caso, mas não obtiveram resposta até a última atualização
desta reportagem.
Mãe de três filhos e policial dedicada
A agente, mãe de três filhos, entrou para a Polícia Militar do Ceará em
22 de junho de 2022 e atuava na 1ª Companhia do 15º Batalhão. Colegas a
descreviam como uma pessoa "sonhadora, dedicada e assídua". "A SD
Larissa era um exemplo para o 15° Batalhão. Mãe de três filhos,
sonhadora, dedicada, assídua, companheira e camarada. Excelente
profissional que tínhamos aqui", afirmou o subcomandante da unidade,
capitão Felipe Amorim.
De acordo com sua mãe, Fabíola Paiva, Larissa era uma pessoa tranquila e
estudiosa que batalhou muito para ser aprovada no concurso. "A gente
veio de favela e ela teve a visão de ir mais para frente, para conseguir
estudar e passar nesse curso de formação", disse Fabíola em entrevista à
TV Verdes Mares.
Durante o curso de formação, Larissa conheceu o soldado Joaquim Filho,
de 26 anos, preso como suspeito de ser o autor do disparo que a matou. O
relacionamento, que durava quatro anos, era marcado por um histórico
grave de violência doméstica, conforme narrado pela mãe da vítima.
Larissa Gomes da Silva, de 26 anos, era soldada da Polícia Militar do
Ceará desde 2022 e mãe de três crianças.
Relacionamento marcado por agressões
A policial Larissa Gomes da Silva, de 26 anos, morreu após trocar tiros
com o companheiro, o soldado Joaquim Filho, durante uma discussão no
Eusébio. — Foto: Arquivo pessoal
"Ele
já deu tiro na garrafa dela, por ela está conversando com um colega de
trabalho. De lá para cá, foi só isso. Foi tiro no sofá, já rasgou o
colchão dela todinho de faca, tem tiro no chão da casa dela, a porta do
apartamento tá toda quebrada, até o dente dela ele já quebrou", afirmou a
mãe da vítima.
Policial morta durante discussão do companheiro havia relatado agressão para amiga
Além de agredir Larissa, Joaquim a impedia de ter contato com amigos e
com os filhos dela, de um relacionamento anterior, que moram com a mãe
da agente.
A policial Larissa Gomes, que morreu durante uma discussão com o
companheiro também militar, deixa três filhos pequenos.
"Ele sempre foi agressivo. Afastou ela dos amigos, dos filhos dela. Ela
só andava na minha mãe e na minha casa para ver os filhos dela quando
não estava com ele, porque quando ela estava com ele, ele não deixava
ela vim. Foram quatro anos de muito sofrimento que a minha filha passou
na mão dele", disse Fabíola.
A mãe da policial também relatou que quando tomou conhecimento das
agressões tentou denunciar o genro, mas foi ameaçada por ele.
"Da última vez, que foi dessas coronhadas, eu disse que iria denunciar.
Aí ele foi lá, bateu a foto do meu apartamento e disse que se eu
denunciasse ele sabia onde eu morava", relatou a mãe de Larissa.
Policial Larissa Gomes da Silva, de 26 anos, que morreu após ser
baleada pelo companheiro militar, havia relatado agressão anterior do
homem para a amiga. — Foto: Arquivo pessoal
Versão do agente sobre morte da companheira
Policial Militar morre no Eusébio
Joaquim relatou para a polícia que ele e Larissa trocaram tiros e
balearam uma ao outro durante uma discussão na tarde desta quarta-feira
(3), na cidade do Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza.
Larissa foi baleada no abdômen e no tórax. Já Joaquim levou um tiro na perna.
O casal foi socorrido e levado para a Unidade de Pronto Atendimento
(UPA) do Eusébio, onde foi constatada a morte da policial.
O agente baleado, que não estava de serviço no momento do ocorrido, foi
transferido para o Hospital Instituto Doutor José Frota (IJF), em
Fortaleza. Ele permanece internado sob escolta policial. O quadro de
saúde dele é estável.
Segundo a Polícia Militar, as armas usadas pelo casal de soldados
pertencem à corporação e foram apreendidas no local do crime.
"As duas armas da corporação, apreendidas na cena do fato, assim como
demais informações colhidas na ocorrência, serão apresentadas à
Coordenadoria de Polícia Judiciária Militar e Disciplina", disse a
Polícia Militar.
O g1 questionou a PM se a morte de Larissa é investigada como feminicídio ou homicídio culposo, quando não há intenção de matar. No entanto, a corporação não respondeu ao questionamento.
G1