O ano de 2026 vai se iniciar no Ceará com uma série de pendências políticas para serem solucionadas antes das eleições gerais. Enquanto o governismo tenta agradar a base e encaixar os nomes nos cargos de interesse, a oposição busca a unidade e a definição de nomes competitivos que devem desafiar o grupo que governa o Estado desde 2007.
A coluna separou alguns pontos que o leitor deve ficar atento para entender o que pode acontecer no próximo ano eleitoral.
Destino da federação União-PP
A superfederação União Brasil e PP tem dado o que falar principalmente no Ceará. Juntos, os dois partidos prometem um bom tempo de rádio e televisão na propaganda eleitoral e fartos recursos para a chapa na eleição do próximo ano.
Logo no início da discussão da junção das legendas em federação, a polêmica surgiu: União é liderado por Capitão Wagner, oposição ao governador Elmano de Freitas (PT). Já o PP é chefiado pelo governista AJ Albuquerque, e que tem o pai, Zezinho Albuquerque, como secretário das Cidades no Governo.
A dúvida para 2026 é quem vai vencer a queda de braço interna na federação e como o grupo irá se comportar para 2026.
Se por um lado, Capitão Wagner garante com todas as letras que o grupo será oposição, e que tem a palavra do presidente nacional, Antônio Rueda, como garantia, por outro, nas palavras de AJ, Moses Rodrigues e Fernanda Pessoa (os dois últimos correligionários de Wagner), o assunto tem outro encaminhamento.
Fernanda Pessoa, inclusive, tem declarado nos últimos dias conversas com Rueda para assumir o controle do União no Ceará. Capitão Wagner, no entanto, diz que nada mudou e que não tem nada definido sobre o fato.
A superfederação é um grande trunfo para a oposição e pode convencer Ciro Gomes a ser candidato a governador, pela estrutura financeira e partidária. Enquanto isso, o governo busca atrair os partidos como forma de fragilizar o grupo opositor e esvaziar uma candidatura mais robusta como se desenha.
A definição, porém, foi jogada para 2026 e deve render muita polêmica para o ano que vem.
Definição de Ciro Gomes sobre candidatura
Sobre o assunto, Ciro não tem dito que sim nem que não. A indefinição pode ser estratégia, mas no fundo não diz nada, nem dá garantias ao grupo de que terão uma candidatura competitiva para o pleito que se aproxima. Sem contar, inclusive, as divergências públicas.
Pesquisas de bastidores estão sendo feitas e a oposição tem ficado animada com os números de Ciro. Ele, que foi candidato a presidente em 2022, terminou em terceiro lugar no Ceará. Algo inédito, "maior de todas as humilhações" nas palavras dele.
A desunião da oposição e a incerteza de ter a superfederação podem ser grande empecilhos para a candidatura de Ciro. Será a partir dessa decisão que a oposição poderá se estruturar de forma mais organizada para pensar a disputa de outubro.
Desgaste eleitoral da hegemonia?
Em 2026 completam exatamente 20 anos da candidatura de Cid Gomes para governador. Naquela época, o então ex-prefeito de Sobral precisou do apoio do PT de Lula e da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, para arregimentar sua candidatura e sair vencedor ainda no primeiro turno.
Naquele mesmo ano, o grupo liderado por Tasso Jereissati completava 20 anos no comando do Ceará. Tasso, Ciro e Lúcio Alcântara, juntos, governaram o Ceará durante duas décadas. O desgaste natural do grupo acabou dando força a Cid e ao PT para vencerem a disputa estadual.
É nesse contexto que a oposição aposta em uma candidatura de Ciro Gomes. Muito embora aliado do PT no Estado nas campanhas de Cid e Camilo, o ex-ministro hoje é visto como forte opositor ao partido também no Ceará, e com força suficiente para destronar Elmano de Freitas no ano que vem.
O governismo, por outro lado, aposta nas realizações para fugir do desgaste. Elmano tem levado o debate eleitoral para 2026 e afirmado que são as entregas que irá fazer até o ano que vem que servirão de análise da população sobre o governo iniciado em 2023.
O trunfo do governo segue sendo a parceria com o Governo Federal e o apoio da imensa maioria dos prefeitos no Interior. A relação com esses gestores tem se mostrado como estratégia fundamental desse grupo para manter a relevância política e a vitória nas urnas. Camilo e Elmano, por exemplo, se sagraram vencedores sendo derrotados em Fortaleza, compensando com amplas margens no Interior.
Definição do Senado na base do PT
Um grande desafio do governismo no Ceará para 2026 é a escolha da chapa de senadores. São muitos nomes e poucas vagas. Desde o ano passado, surgem pré-candidatos interessados em conquistar a vaga de Senado na chapa do governador Elmano, mas apenas dois devem conseguir.
Entre os cotados, estão: Eunício Oliveira (MDB), Cid Gomes (PSB), Chiquinho Feitosa (REP), Junior Mano (PSB), Chagas Vieira (Sem Partido), Moses Rodrigues (União), Luizianne Lins (PT), Domingos Filho (PSD) e José Guimarães (PT).
A disputa pelo Senado pode gerar grandes reviravoltas. A oposição, inclusive, espera que o saldo dessas negociações gere muitas insatisfações e que nomes mudem de lado no pleito após ficarem de fora da chapa.
José Guimarães é quem se mostra irredutível sobre a candidatura. O deputado tem movimentado o partido e prefeitos no Interior para emplacar o nome no ano que vem, muito embora o partido já esteja contemplado na chapa majoritária com Elmano na vaga de governador.
A discussão pode ser ainda mais acalorada, tendo em vista que Cid Gomes tenta emplacar o nome de Junior Mano para a vaga do PSB e o outro nome pode sair do União (com Moses Rodrigues) caso a superfederação fique na base aliada do PT no Ceará.
As negociações, portanto, podem gerar desconfortos e possíveis problemas para o governismo no ano que vem, já que a grande quantidade de partidos aliados exigem espaços estratégicos.
(Diário do Nordeste)



















