A estatal espera economizar R$ 2,1 bilhões com o fechamento de
unidades. Considerando outros pontos de atendimento realizados por
parceria, são 10 mil unidades que prestam serviços para os Correios no
Brasil. Como a empresa pública tem a obrigação de cobrir todo o
território nacional, o presidente da estatal, Emmanoel Rondon, destacou
que o fechamento dessas agências será realizado sem violar o princípio
da universalização do serviço postal.
“A gente vai fazer a ponderação entre resultado [financeiro das
agências] e o cumprimento da universalização para a gente não ferir a
universalização ao fecharmos pontos de venda da empresa”, explicou o
presidente dos Correios em coletiva de imprensa, em Brasília (DF).
Demissão Voluntária
O plano dos Correios prevê ainda cortes de despesas da ordem
de R$ 5 bilhões até 2028, com venda de imóveis e dois planos de demissão
voluntária (PDVs) previstos para reduzir o número de funcionários em 15
mil até 2027.
“A gente tem 90% das despesas com perfil de despesa fixa. Isso gera
uma rigidez para a gente fazer alguma correção de rota quando a dinâmica
de mercado assim exige”, disse.
O plano de reestruturação era esperado devido aos sucessivos
resultados negativos que a estatal vem acumulando desde 2022, com um
déficit estrutural de R$ 4 bilhões anuais “por causa do cumprimento da
regra de universalização”, segundo justificou o presidente Rondon.
Neste 2025, a estatal registra um saldo negativo de R$ 6
bilhões nos nove primeiros meses do ano e está com um patrimônio líquido
negativo de R$ 10,4 bilhões.
Empréstimo e abertura de capital
A companhia informou ainda que tomou um empréstimo de R$ 12 bilhões
com bancos para reforçar o caixa da companhia, assinado na última
sexta-feira (26). Porém, a direção dos Correios ainda trabalha para
encontrar outros R$ 8 bilhões necessários para equilibrar as contas em
2026.
A estatal estuda ainda, a partir de 2027, uma mudança
societária nos Correios. Atualmente, a companhia é 100% pública, mas
avalia a possibilidade de abrir seu capital transformando-a, por
exemplo, em uma companhia de economia mista, como é hoje a Petrobras e o
Banco do Brasil.
Corte de pessoal e benefícios
O plano apresentado pelos Correios prevê medidas para serem
implementadas entre 2026 e 2027, incluindo os PDVs, sendo um no próximo
ano e outro em 2027.
Outros alvos da direção dos Correios são os planos de saúde e de
previdência dos servidores, que devem ter cortes nos aportes feitos pela
estatal.
“O plano [de saúde] tem que ser completamente revisto e a gente tem
que mudar a lógica dele porque hoje ele onera bastante. Ele tem uma
cobertura boa para o empregado, mas, ao mesmo tempo, financeiramente
insustentável para a empresa”, justificou o presidente.
Com as demissões voluntárias e os cortes de benefícios, os
Correios esperam reduzir as despesas com pessoal em R$ 2,1 bilhões
anuais. Além disso, o plano estima vender imóveis da companhia para gerar R$ 1,5 bilhão em receita.
“Esse plano vai além da recuperação financeira. Ele reafirma os
Correios como um ativo estratégico do estado brasileiro, essencial para
integrar o território nacional, garantir acesso igualitário a serviços
logísticos e assegurar eficiência operacional em cada região do país,
especialmente onde ninguém mais chega”, concluiu o presidente dos
Correios.
Crise no setor postal
Os Correios enfrentam uma crise financeira que, segundo a direção da
companhia, vem desde 2016, motivada pelas mudanças no mercado postal em
razão da digitalização das comunicações, que substituiu as cartas,
reduzindo a principal fonte de receita.
A estatal também atribui dificuldades financeiras a entrada de novos
competidores no comércio eletrônico como um dos motivos da atual crise
do setor.
“É uma dinâmica de mercado que aconteceu no mundo inteiro e algumas
empresas de correios conseguiram se adaptar. Várias dessas empresas
ainda registram prejuízos. Um exemplo é a empresa americana de correios
que está reportando prejuízo da ordem de US$ 9 bilhões”, comparou
Emmanoel.
O presidente da estatal brasileira se referiu a empresa pública dos
Estados Unidos (EUA) Unit States Posta Service (USPS), que também
anunciou recentemente medidas para enfrentar os déficits financeiros.
(EBC)