O presidente da Assembleia do Ceará, Zezinho Albuquerque, negou nesta quinta-feira (25) o pedido de impeachment do governador Camilo Santana por suposto recebimento de propina, apontado pelo empresário Joesley Batista, da JBS, em delação premiada.
Segundo Zezinho Albuquerque, o indeferimento segue parecer jurídico
elaborado pela Procuradoria da Assembleia. Na avaliação do parlamentar, a
denúncia não deveria ser recebida em "face de carência de justa causa"
para iniciar um processo de impeachment.
O pedido foi feito pelo deputado de oposição Capitão Wagner, na
terça-feira (23). "Está tipificado no artigo 9º da Lei de
Responsabilidade que diz que, se o gestor do Estado tem conhecimento de
que algum secretário tem uma denúncia, ele tem que responsabilizá-los. E
aqui não há o pedido para demiti-los, mas pelo menos que se investigue
através de sindicância ou qualquer processo administrativo", justificou o
deputado, ao protocolar o pedido.
Segundo a denúncia da JBS, o valor em propina foi repassado a secretários de estado de Camilo Santana, que negam o crime.
Na mesma data, Camilo Santana classificou o pedido como "oportunismo".
"Essa ação tem o objetivo claro de se aproveitar do momento instável
vivido pelo país para tentar tirar vantagem política. Isso é oportunismo
puro, e não vou entrar nesse jogo", disse o governador.
Delação da JBS
Na deleção, o empresário detalha como foi feita a negociação com o
então governador Cid Gomes. "Nós tínhamos R$ 110 milhões acumulados que o
Governo do Estado não pagava. O governador Cid Gomes esteve no nosso
escritório, comigo e com o Joesley, falou com a gente e pediu uma doação
em São Paulo. Nós perguntamos quanto ele esperava de doação. Ele disse
que esperava R$ 20 milhões. Eu disse 'governador, impossível eu
contribuir com R$ 20 milhões enquanto o Estado me deve R$ 110 milhões e
não me paga'. Ele não falou nada e saiu, falou 'tá bom, deixa eu ver o
que posso fazer sobre esse assunto'."
G1/CE