Comentários alarmistas de cunho islamofóbico e disseminação de notícias falsas alimentam a rede virtual de simpatizantes de Jair Bolsonaro (PSC-RJ), em um ambiente similar ao da campanha que elegeu Donald Trump nos EUA. Muitas vezes, os conteúdos giram em círculos, mesmo depois de contestados, abastecendo grupos por semanas.
Em junho, por exemplo, viralizou um áudio atribuído ao senador Magno Malta
(PR-ES) -ele nega autoria- em que o narrador anuncia "a invasão de 1,8
milhão de muçulmanos" ao País. Seria supostamente estratégia do governo
Temer para agradar a ONU, "que é completamente islâmica", para obter
assento permanente no Conselho de Segurança do organismo. Não há sinais
de invasão. O país regula a entrada de estrangeiros. A PF diz que foram
feitos 1.094 pedidos de refúgios por sírios libaneses e iraquianos neste
ano.
Mas a mensagem pede "intervenção hoje". "Espero que Bolsonaro ganhe, pelo amor de Deus", diz o narrador.
Preconceito
O deputado está em campanha para viabilizar sua candidatura à
Presidência em 2018. Desde 2016, quando foi batizado pelo pastor
Everaldo no rio Jordão, faz acenos ao eleitorado evangélico enaltecendo
Israel. Essa agenda acabou por aproximá-lo de parte da comunidade
judaica.
Em um vídeo, há duas semanas, uma simpatizante de Bolsonaro que se
identifica como Jane Silva, "pastora e presidente da Comunidade
Internacional Brasil-Israel", diz que o ex-presidente Lula (PT) "deu de
presente" uma embaixada para a Palestina. "E para quê? Para trazer o
terrorismo, eles financiam o terrorismo no Brasil", disse.
Diário do Nordeste