O presidente do Senado, Eunício Oliveira, ao discursar, nesse sábado, no
Encontro Regional do PMDB em Massapê, disse que faz política com amor e
com o coração e não guarda ressentimento, nem rancor pelas críticas que
recebe e pelo resultado adverso das eleições de 2014. O discurso, em
tom moderado e conciliador, foi entendido por muitos como uma
sinalização para aliança com o Governador Camilo Santana (PT) e o
ex-governador Cid Gomes (PDT).
Eunício tem divergências políticas com Cid e Camilo, mas são conflitos
que não os impedem de montar, em 2018, um palanque que reúna PMDB, PT e
PDT, além de muitas outras siglas que estão na órbita da situação e da
oposição. Durante a semana, Eunício recebeu, em Brasília, o governador
Camilo Santana e o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT).
O encontro no Distrito Federal teve discussão sobre a liberação de
recursos para o Estado e para o Município de Fortaleza. Está nas mãos de
Eunício o destino de, pelo menos, R$ 1,5 bilhão que precisam de aval do
Senado e Governo Federal para os recursos chegarem aos cofres do Estado
e da Capital. O tom cordial adotado por Eunício, Camilo e Roberto
Cláudio é o caminho para construção de uma aliança. Um dos
interlocutores dessa aproximação é o deputado federal Anibal Ferreira
Gomes (PMDB).
Diferente de encontros anteriores, marcados por fortes críticas ao
modelo administrativo de Camilo e Cid, Eunício, na reunião do PMDB em
Massapê, optou por palavras mais amenas, mais brandas e, ao falar sobre
política sem ressentimento, deu a senha para quem quisesse entender: a
política é feita de desavenças, de conflitos, mas, também, de
entendimento e conciliação e o adversário de ontem pode ser o aliado de
hoje ou de amanhã.
Eunício, que, em 2018, poderá ser candidato a governador ou concorrer à
reeleição, fez uma prestação de contas do trabalho que realiza no
comando da Mesa Diretora do Senado, lembrou do esforço para, junto ao
Governo Federal, agilizar a liberação de recursos para o Estado e para
os Municípios, independente de quem esteja governando. Ele citou, por
exemplo, que conseguiu liberar recursos para o Município de Sobral ,
hoje administrado pelo prefeito Ivo Gomes (PDT), irmão de Cid e Ciro,
seus adversários políticos.
O encontro do PMDB surpreendeu pela quantidade de prefeitos,
ex-prefeitos e lideranças políticas de Municípios das Regiões Norte,
Ibiapaba e Serra Grande. Além dos dirigentes regionais e municipais,
prefeitos e deputados estaduais do PMDB, estiveram presentes
representantes do PR, como vice-prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa,
do PSDB, PMB, Solidariedade e PSD.
”A reunião foi uma grande surpresa pelo número elevado de participantes
em uma demonstração de que os partidos de oposição representam
esperanças de mudanças do sistema administrativo que temos hoje no
Ceará”, disse o presidente regional do PSDB, Luiz Pontes.
O discurso de Eunício foi considerado moderado, sem críticas ao governo
do estado e aos irmãos Ferreira Gomes como fizera em outras
oportunidades. Há quem diga que, em campo, estão bombeiros que tentam
uma reaproximação entre o líder do PMDB e os irmãos Ferreira Gomes. O
presidente do PSDB, ex-senador Luiz Pontes, que, durante o encontro do
PMDB em Massapê se lançou pré-candidato à Assembleia Legislativa,
defendeu a unidade da oposição e afirmou que não tem história de acordão
com o grupo de situação.
O encontro regional do PMDB em Massapê faz parte da série de reuniões na
Grande Fortaleza e Interior do Estado que começa a ser intensificada
pelos partidos de oposição. O PR tem agenda de encontros no Interior,
assim como o PSDB. O grupo político formado pelo PSD e PMB, que seguem
orientação do ex-vice-governador e conselheiro do extinto TCM, Domingos
Filho, conta ainda com o SD do deputado federal Genecias Noronha. O
encontro de Massapê atraiu a presença dos deputados federais Moses
Rodrigues (PMDB), Cabo Sabino (PR), Raimundo Gomes de Matos (PSDB) e
Gorete Pereira (PR).
O Capitão Wagner (PT), deputado estadual, não apareceu no debate.
Especulações de bastidores apontam que Wagner está em rota de colisão
com o PR e deve, em breve, deixar o partido. As divergências seriam,
também, com o cabo Sabino. Wagner quer ser candidato a deputado federal,
enquanto Sabino não abre da disputa à reeleição para concorrer à
Assembleia Legislativa.
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