Em entrevista à edição dominical do jornal "O Estado de S. Paulo", o
presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o desembargador
Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, classificou a sentença do juiz
Sérgio Moro - que condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a 9
anos e 6 meses de prisão no caso do tríplex do Guarujá - de
"tecnicamente irrepreensível", afirmando que "vai entrar para a história
do Brasil".
O TRF-4 é a segunda instância de julgamento de recursos da Operação
Lava-Jato. Dos 741 processos relacionados à força-tarefa da Polícia
Federal, 635 já foram baixados e a apelação dos advogados de Lula contra
a decisão do magistrado de Curitiba compõe um dos próximos lotes a
serem apreciados.
Lenz declarou que "pode-se gostar dela (a sentença) ou não" e que
"aqueles que não gostarem e por ela se sentirem atingidos têm os
recursos próprios para se insurgir", confessando em seguida que gostou
da decisão. "Isso eu não vou negar", afirmou.
Perguntado se iria confirmar a sentença de Moro, ele afirmou que não
poderia dizer por não ter lido os autos. Ainda assim, elogiou: "O juiz
Sérgio Moro fez exame minucioso e irretocável da prova dos autos. Eu
comparo a importância dessa sentença para a história do Brasil à
sentença que Márcio Moraes proferiu no caso Herzog, sem nenhuma
comparação com o momento político. É uma sentença que vai entrar para a
história do Brasil. E não quero fazer nenhuma conotação de apologia.
Estou fazendo um exame objetivo".
Para ele, os casos se assemelham porque "ninguém passa indiferente por
elas". O desembargador ainda criticou a avaliação de juristas que se
queixam de Moro ter julgado Lula com base em indícios, e não em provas.
"É um equívoco, porque os indícios são provas. O ministro Paulo
Brossard, de saudosa memória, tem um acórdão no Supremo Tribunal
Federal, em que diz exatamente isso: a prova indiciária é tão prova
quanto as outras. Então, essa distinção não existe", afirmou o
magistrado.
Diário do Nordeste



