Um cliente do bar de propriedade dos pais de Kauã era o alvo dos tiros. Ele fez o menino de escudo e os dois morreram
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Gutenberg Barbosa
Silva, em Jaguaribe (a 293 km de Fortaleza), segue hoje, pelo segundo
dia consecutivo, sem aulas. O colégio está em luto após a morte de Kauã
de Assis Lopes, de 10 anos, aluno do 5º ano.
Na noite do
último domingo, 10, um homem invadiu o bar dos pais de Kauã para atirar
contra um cliente. Pedro César Parente Rodrigues, de 18 anos, o alvo,
morreu no local. Conforme relato da diretora da escola, Rosane Silva
Bezerra, ao perceber os tiros, Kauã correu para abraçar a mãe, mas, no
trajeto, foi pego por Pedro César, que tentava se proteger. O menino
levou três tiros, um deles na região do pescoço. Rosane conta que o
menino correu para abraçar a mãe pois havia sonhado, há poucos dias,
que ela morria em um tiroteio.
Segundo o amigo da família,
Ricardinho Soares, após os tiros, seria necessário conduzir a criança
ao Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza. No entanto, o
Município não possui UTI Móvel, o que seria necessário para a condução.
O garoto, então, foi levado em ambulância comum para Limoeiro do Norte
— a 122 quilômetros de distância de Jaguaribe. No Município, foi
solicitada a UTI, mas o menino morreu antes do atendimento. Kauã
“A
escola parou. Ele se envolvia em todos os eventos. No 7 de setembro,
foi no desfile representando a Constituição, as leis do País”, contou a
diretora. Kauã era o filho mais novo do casal. “Era um menino
superalegre e descontraído, que se relacionava muito bem com as outras
crianças. O filho que todo mundo queria ter”, disse Rosane.
O
sepultamento do menino está previsto para a tarde de hoje, no cemitério
de Jaguaribe. Ricardinho Soares disse que, na Cidade, todos estão
revoltados. “A criança não tinha nada a ver. O Kauã tinha o sonho de
ser policial quando crescesse. Ele era amigo dos vizinhos todos”,
lamentou.
A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social
(SSPDS) informou, em nota, que os suspeitos são dois homens que
chegaram ao bar em uma moto e efetuaram disparos contra Pedro César. O
caso seria investigado pela Delegacia de Jaguaribe.
Cidade sem ambulância
A
secretária da Saúde de Jaguaribe, Maria Zuleide, confirmou ao O POVO
que o Município não possui uma UTI Móvel por ser uma Cidade de pequeno
porte. Existe apenas a ambulância básica, com dois técnicos de
enfermagem. “Sempre a gente passa o maior sufoco. Porque a referência é o
município maior. E são 11 municípios que recorrem a Limoeiro”,
afirmou.
A gestora diz que o garoto foi transportado para
Limoeiro em estado grave. Dois técnicos de enfermagem o acompanharam,
ele chegou a ser entubado, mas a situação era grave e ele não
resistiu.
O Povo



