irmão da criança de 8 anos baleada na cabeça neste domingo
em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, salientou que médicos da
unidade de saúde onde ele se encontra internado estão surpresos com a
força do menino. De acordo com Leonardo dos Santos, de 19 anos, a equipe
do Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, disse que é um milagre
Renan dos Santos Macedo estar vivo. Leonardo está ao lado da criança, na
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). O quadro de seu seu irmão
pequeno é gravíssimo, segundo informações da Secretaria de Estado de
Saúde.
— A médica que estava de plantão foi embora agora
e disse que o Renan se encontra em coma. O estado é bem grave. Ele não
mostra reação nenhuma, não se mexe, nem abre os olhos, mas não vem tendo
mais paradas cardíacas. Os médicos disseram que cada minuto que passa é
um milagre por ele estar vivo. Outras crianças não teriam aguentado.
Nesse momento a gente conta com o apoio da família — afirmou Leonardo,
acrescentando que, após ser atingido e levado ao hospital, o menino teve
nove paradas cardíacas.
O
irmão da criança contou ao EXTRA que a rapidez com que o pai deles
levou Renan à unidade de saúde foi fundamental para mantê-lo vivo.
—
Foi próprio pai que o levou para o hospital. O cérebro do meu irmão
estava inchando muito e os médicos retiraram um pedaço do crânio dele na
cirurgia. Eles estão fazendo de tudo — acrescentou.
De
acordo com a PM, o pai do garoto viu homens armados fechando a Avenida
Gomes Freire, próximo à favela do Retão, em Duque de Caxias, para roubar
os motoristas. Ao tentar manobrar o carro para fugir do local, os
criminosos atiraram contra o veículo. Um dos tiros atingiu a cabeça da
criança, que estava no banco traseiro do carro e foi levado às pressas
ao hospital.
Nilton Siqueira de Macedo chegou ao hospital
de Saracura por volta do meio-dia. Bastante abalado, ele entrou para
ver o filho amparado por familiares. Nilton foi ao hospital no mesmo
carro em que estava com Renan quando ele foi baleado. O veículo tem
quatro perfurações, sendo que duas delas no porta-malas.
A
mãe dele, Luciene dos Santos, de 37 anos, contou que se despediu do
filho na manhã de domingo com um beijo e abraço, "como de costume",
explicando que Renan "é sempre muito carinhoso" com ela.
—
Entreguei ele às 9h30 para o pai, que o pega de 15 em 15 dias. Ontem
(neste domingo) não era o dia dele, mas ele pediu para passear um
pouquinho, e falei que sim. Meu filho falou: "Mamãe, te amo". Me deu um
beijo, um abraço. O Renan é muito alegre, muito feliz. Ele levou a bola
que o pai dele deu de presente e foram jogar — disse Luciene.
Ao
saber o que havia acontecido com a criança, a mãe disse ter desmaiado
com o choque da notícia. Foi imediatamente para a unidade de saúde, onde
espera atualizações sobre o estado de saúde do menino.
—
Fiz minhas obrigações de casa, e o telefone tocou. Era um amigo do pai
do Renan dizendo que havia ocorrido um acidente e que era para eu ir ao
hospital em Saracuruna. Pedi para falar com o pai dele, perguntei:
"Acidente? Que acidente?". O pai do Renan estava desnorteado,
desesperado, sem condições de falar. Então, soube da notícia e desmaiei.
Não aguentei. Quando entrei no hospital, levei um choque. Vi meu filho
todo entubado, com sangramento no crânio, não tinha estancado ainda, mas
agora parou. O lado esquerdo estava inchado, o olho inchado. Eles
fizeram os primeiros socorros, mas não deu para retirar a bala — disse a
mãe do menino, que atualmente trabalha em um restaurante.
Segundo
ela, os médicos estão sendo muito atenciosos com o seu filho, e ela
disse confiar "no dom que Deus os deu" para cuidar de Renan.
—
Agora estou esperando notícias. Entreguei a vida dele nas mãos do
Senhor, porque ele é o médico dos médicos, é ele quem dá o dom aos
médicos, porque tudo na nossa vida, independentemente de religião, é com
a permissão de Deus — afirmou Luciene, ressaltando o quanto tem
recebido mensagens de pessoas desconhecidas nas redes sociais dizendo
que estão rezando por seu filho.
Além de orações, a mãe de Renan também manifestou seu clamor por Justiça.
—
Eu quero Justiça pelo o que aconteceu com o meu filho. Isso tem que
acabar, porque eu não sou a primeira nem a última. A gente não pode mais
ir num supermercado, na padaria tranquilamente. Temos que ir sem levar
celular, porque se estiver com bens materiais, podemos perdê-los e ainda
corremos o risco perder a vida. Eles não tem coração. Agora estou aqui
com essa dor. E meu filho lá, na cama. E quem fez isso? Está o quê? Se
divertindo, sorrindo? O pai dele está aqui chorando — desabafou Luciene.
O
menino está em coma induzido e com uma bala alojada no cérebro. A
equipe do Adão Pereira Nunes permanecerá monitorando Renan pelas
próximas 48 horas para avaliar se o menino corre o risco de sofrer algum
tipo de sequela caso sobreviva.
— Meu irmão é uma
criança alegre e inteligente. Ele consegue nos momentos de mais tristeza
manter nossa alegria. É muito difícil ver ele nessa stuação, é
insuportável — completou Leonardo.
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