Um fotógrafo brasileiro registrou em vídeo o momento em que o americano
Aaron Mitchell, de 41 anos, morreu. Ele caiu nas chamas de uma
escultura incendiada no festival de artes e música Burning Man, no
deserto de Black Rock, em Nevada (EUA), há uma semana.
Raul Aragão, de 32 anos, participava de sua sexta edição do festival e
escreveu sobre o assunto na sexta-feira (8). Ele afirma não acreditar
que Mitchell tenha se jogado nas chamas de propósito.
"Na terceira vez que ele entrou na área, ele visivelmente tropeçou e caiu de lado", afirmou Raul em seu relato no Instagram.
"Para mim, ele estava muito fascinado por aquele fogo, ele estava
pirando com a situação toda. Mas o objetivo, se ele quisesse se matar de
vez, ele teria atravessado tudo e se jogado no fogo de vez, de cara. E
não foi o que ele fez, entendeu? Ele foi e voltou algumas vezes. Então
me leva a acreditar que foi um acidente", disse o fotógrafo ao G1.
Em seu post, Raul publicou apenas um frame do vídeo que fez, mas disse
que não tem interesse em divulgar seu conteúdo para "evitar o
sensacionalismo com a morte".
"Me preocupo com a família e a memória desse homem, que poderia muito
bem ser qualquer um de nós. Espero que sua família encontre a paz. E que
a verdade deste acidente prevaleça frente ao sensacionalismo",
escreveu.
O G1
teve acesso ao vídeo, e as imagens parecem mostrar um tropeção no
momento em que ele cai nas chamas. "Não é um louco qualquer. As pessoas
estão atribuindo drogas a essa história. Não é bem isso. Isso poderia
ter acontecido com qualquer um que resolveu pular a fogueira", disse.
Segundo Raul, depois que as chamas baixam e o esquema de segurança é
removido, diversas pessoas se dirigem às brasas e "andam em cima do
fogo, literalmente, quando é permitido".
Na noite do sábado (2), durante a queima de uma imensa escultura humana
— um dos pontos altos do festival Burning Man —, um homem identificado
como Aaron Joel Mitchell, de 41 anos, conseguiu furar o bloqueio de
seguranças e caiu nas chamas.
Ele foi resgatado e transferido por helicóptero para o hospital da
Universidade da Califórnia, em Davis, mas morreu na manhã de domingo
(3).
As investigações iniciais indicaram que ele não havia ingerido álcool,
mas exames toxicológicos ainda seriam feitos para determinar se o homem
havia ingerido alguma droga. Até o horário da publicação desta nota, a
mídia local não havia registrado o resultado desses exames.
O caso está sendo investigado pela polícia do condado de Pershing, em
Nevada. Segundo o xerife Jerry Allen, cerca de 50 mil pessoas
acompanharam a queima da fogueira no sábado, e policiais, bombeiros e
funcionários contratados faziam um cordão de isolamento.
"Nós não sabemos se foi intencional de sua parte ou foi de alguma forma
induzido por drogas", comentou o xerife em entrevista à agência
Associated Press.
O festival de contracultura acontece anualmente no Deserto de Black
Rock, em Nevada, e atrai dezenas de milhares visitantes de todo o mundo.
Um dos pontos altos é a queima de uma imensa escultura de madeira, que
dá origem ao nome, com cerca de 12 metros de altura. A fogueira é acesa
na noite de sábado e, no domingo, um templo também de madeira é
queimado, marcando o fim do evento.
G1



