RIO - A farofa do amor voltou em
grande estilo para os palcos do Rock in Rio. O Bon Jovi, principal atração da
quinta e penúltima noite do festival, não precisou se esforçar muito para
transformar a Cidade do Rock num verdadeiro bailão da saudade. No set, clássicos como Livin'
on a Prayer, Wanted Dead or Alive, Keep the Faith e It's My
Life. Muitos são os que torcem o nariz para a banda de Jon e
companhia. "Cafona e brega. Não acredito que você gosta mesmo disso",
disse um colega na sala de imprensa poucas horas antes do show começar.
Preferências à parte, nenhum outro artista internacional que tenha passado pela
Cidade do Rock nos últimos dias tem mais hits radiofônicos do que o Bon Jovi.
Em 2013, quando a banda se
apresentou pela última vez no Rock in Rio, o time não estava completo. O
baterista Tico Torres havia feito uma cirurgia de emergência na vesícula e
desfalcou a banda. Já sem Richie Sambora, expulso do grupo naquele mesmo ano, a
performance foi um tanto quanto sem tempere. Sozinho, Jon se desdobrou em
quatro para não deixar a peteca cair. Até que conseguiu.
Quatro anos depois, o Bon Jovi
voltou ao Palco Mundo muito mais ajeitado. Com Tico no comando das baquetas e
ainda (infelizmente) sem Richie, as canções da banda triplicaram de potência e
atingiram em cheio os corações partidos. Dono de um agudo potente, mas já sem a
voz que o consagrou por muitos anos, isso está longe de ser um problema para
Jon, que sabe usar a experiência a seu favor. Em momentos de apuros, quando o
tom da música está lá no alto, o vocalista joga a responsabilidade para a
galera. Esperto? Sim, talvez. Mas isso é reflexo dos longos anos de estrada.
Do elogiado disco mais
recente, This House Is Not For Sale, lançado do ano passado, foram
poucas músicas. O suficiente, entretanto, para deixar o fã mais displiscente
descansar da enxurrada de sucessos que viria pela frente. O Bon Jovi tem a
essência daquela farofa gostosa que todo mundo despreza, mas, no fim das
contas, não abre mão.
(Estadão)



