Com um percentual de 12%, este Município está em primeiro lugar no
comprometimento de receitas públicas na economia local, entre as cinco
cidades cearenses com maior Produto Interno Bruto (PIB). Com isso, está à
frente de Fortaleza, Maracanaú, Caucaia e Juazeiro do Norte.
O "Eldorado do emprego", apregoado desde a captação de indústrias,
mantém ainda não apenas a dependências das transferências da União e
Estado, como revela a geração de demandas não atendidas para a população
que cresce na periferia.
Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O destaque de Sobral entre as cidades brasileiras no investimento em
educação e na captação de indústrias como a Grendene, fez o município
crescer em termos populacionais, como reconhece o coordenador de
Política Econômica da Secretária do trabalho e Desenvolvimento Econômico
(STDE) do Município, Leon Sousa.
Leon disse que essa atração de pessoas de cidades vizinhas por Sobral,
quer pela oportunidade de emprego ou para se ter acesso aos serviços
essenciais, inclusive a Saúde, fez com que se gerasse um crescimento
desordenado em algumas áreas da sede, particularmente nas regiões
periféricas. Para se ter uma ideia, o polo calçadista chegou a oferecer
mais de 23 mil postos de trabalho, mas com a crise econômica, houve uma
baixa de contratação do emprego formal.
Perdas
Em termos comparativos, a tendência é de o desenvolvimento econômico
ser ultrapassado por Juazeiro do Norte. Segundo o IBGE, de 2010 a 2017, a
taxa anual de crescimento é de 1,3%, enquanto que a principal cidade do
Cariri apresenta 1,2% e, com a economia crescendo, o PIB per capita
juazeirense, com taxa anual de 7%, já ultrapassa o sobralense, que é de
2,47%.
A superintendente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Sobral, (CDL),
Daniela Costa, atribui à crise econômica do País e mais a limitação da
área metropolitana do Município para a retração econômica, em momento
que a cidade vinha em franco crescimento vertiginosamente. 'Esse
crescimento que ocorreu nos 15 anos também decorreu no âmbito de uma
economia que se beneficiava o setor de serviços, o comércio e, por fim, a
indústria", explica a superintendente da CDL.
Daniela, que foi secretária de Desenvolvimento Econômico Municipal na
gestão passada, lembra que foi por conta do crescimento de econômico de
Sobral, e sobretudo, no investimento dado à Educação e à Saúde, que fez
com o município despontasse como "Cidade do Futuro", de acordo com
reportagem do jornal inglês Financial Times.
Outro fator que, na opinião de Daniela, faz com que o desempenho de
Sobral seja inferior ao de Juazeiro do Norte, é com relação à
vulnerabilidade da região metropolitana. Ao contrário da cidade do
Cariri, que conta com vizinhos fortes, como Crato, a Zona Norte
ressente-se de uma população flutuante como ocorre no Cariri,
especialmente em função do turismo religioso.
Desafios
Para o coordenador Leon Sousa, há, de fato, desafios decorrentes do
crescimento populacional e de demandas sociais. No entanto, considera
que iniciativa como Residencial Nova Caiçara, reunindo 3.364 famílias do
Minha Casa Minha Vida, foi uma resposta de combate o desordenamento.
"Claro, que não podíamos ter feito tudo ao mesmo tempo, mas estamos
melhorando a qualidade de vida das pessoas", avalia Leon Souza.
O ponto principal da dependência da economia sobralense de recursos
públicos, como transferências da União para o Estado, é visto como um
mérito. Leon Souza observa que isso se dá porque a administração alcança
metas em serviços essenciais, como a Educação, que é modelo no País.
Assim, há um aporte maior de receitas, que são previstas por lei.
Dificuldades
"Não houve crescimento desordenado. Pelo contrário, novas unidades residenciais visam a ordenar o crescimento"
Leon Sousa. Coordenador da STDE
"Nosso maior problema é a falta d'água, daí que temos protestado para mostrar as dificuldades vividas pela comunidade"
Diário do Nordeste



