Com a chegada do Dia de Finados, os cemitérios, muitas vezes esquecidos
no restante do ano, têm seu pico de visitação. O Cemitério do Bom
Jardim, o maior cemitério público do Ceará, espera um público de 40 mil
pessoas para o dia 2 de novembro. A demanda por vagas nas sepulturas, no
entanto, é um problema que já se estende por quase sete anos. O
processo licitatório de construção do ossário será realizado no próximo
dia 8, informou Ronaldo Nogueira, titular da Regional V, e que faz parte
da primeira fase para desafogar o cemitério, que passará por possíveis
três planos de revitalização.
O Cemitério Parque Bom Jardim, criado em 1994, tem originalmente
capacidade para 60 mil sepultamentos. Hoje, após os já executados
processos de revitalização, o equipamento conta com mais de 111 mil
sepultamentos realizados.
Novos sepultamentos só são possíveis atualmente, informa o secretário
da Regional V, Ronaldo Nogueira, com a realização diária de novas
exumações. No mês de setembro deste ano, a Secretaria Executiva Regional
(SER) V firmou novo contrato que autorizou a exumação de mais 7.002
corpos até o próximo ano, garantindo vagas nos jazigos até dezembro de
2018. "Até agora já foram exumados cerca de 900 corpos, garantindo a
capacidade do equipamento até a primeira quinzena de janeiro", informa o
secretário.
Licitação
No próximo dia 8 de novembro, a licitação para a construção do novo
ossário do Cemitério Parque Bom Jardim será oficializada a partir da
apresentação da documentação de habilitação e propostas de preços. Com
14 mil gavetas existentes ocupadas, a construção de novas 8 mil vagas no
corredor de uma das vias do cemitério suprirá a demanda das 6.102
exumações que serão realizadas até o fim de 2018.
O secretário da Regional V informou que os planos para a segunda fase
da revitalização do cemitério consistirão numa exumação em massa -
seguindo todos os padrões de execução e respeitando o tempo mínimo de 5
anos pós-inumação.
A terceira fase da revitalização do Parque Bom Jardim inclui os planos
para instituição do processo de incineração na guarda dos corpos. O
processo reduz em cerca de 95% o volume ocupado na guarda das cinzas,
aumentando proporcionalmente a capacidade do cemitério. Ronaldo afirmou
que a secretaria já tem pronto o processo licitatório e que ele está sob
revisão da Procuradoria Geral do Município. Ainda sem previsão para
submissão, aguardando a revisão final, a licitação será acompanhada pela
SER V para a garantia de recursos específicos para a implantação do
processo.
Programação
O Cemitério Parque Bom Jardim terá uma programação voltada
especialmente para o Dia de Finados, feriado de 2 de novembro. "Estamos
estruturados para receber mais de 40 mil pessoas, inclusive tivemos
reunião com outras entidades do município para promover estrutura
eficiente", diz o secretário.
A Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania estará mobilizada nas
vias locais, a Etufor disponibilizará linhas extras para deslocamento
dos visitantes e também estarão presentes uma ambulância do SAMU e
agentes de segurança, além de 70 servidores da Regional V deslocados
especificamente para prestar esclarecimento e orientações aos cidadãos.
Abandono
No Cemitério São João Batista, localizado no bairro Jacarecanga, cerca
de 5 mil jazigos estão em situação de abandono há mais de 20 anos, de
acordo com Accioly de Carvalho, provedor da Santa Casa de Misericórdia
de Fortaleza. A situação foi colocada em questão neste ano e a ideia era
encontrar os donos dos jazigos para efetuar o pagamento de manutenção
ou vender os túmulos, mas com tanto tempo a frente, não foi possível a
localização. Um levantamento na contabilidade da Santa Casa da
Misericórdia já aponta inadimplência de mais de R$ 1 milhão.
"Temos mais de 4 mil túmulos que há mais de 20 anos não recebem
manutenção pela falta do pagamento, não sabemos nem quem são os
responsáveis, mas o cemitério precisa de cuidados para conservação",
explica o dr. Accioly.
Para reverter a situação, a Santa Casa da Misericórdia levou a situação
à Justiça com o levantamento dos jazigos abandonados e agora aguardam
autorização do Poder Judiciário para saber como retomar ou repassar
esses túmulos para outros usuários que precisem. Feito isso, deve ser
lançado um edital convocando os donos das sepulturas (Colaboraram Marina
Gomes e Ana Maria Cajado)
Diário do Nordeste



