A menina de 13 anos que engravidou após ser sexualmente abusada está
mais aliviada com a prisão do pai — embora demonstre descontentamento
pela detenção do irmão. Ambos são suspeitos de praticar o crime.
No entanto, ao programa Barra Pesada, da TV Jangadeiro/SBT, ela afirmou temer vingança
por parte de um tio, irmão de seu pai. “O irmão dele pode muito bem se
vingar de mim. O irmão dele não vai aceitar que ele foi preso”, disse a
garota.
O crime chocou o Estado ao vir à tona nessa terça-feira (3)
e surpreendeu até mesmo um dos mais experientes delegados da Polícia
Civil cearense. Delegado desde os anos 1980, Francisco Cavalcante afirma
nunca ter visto um caso como esse.
O titular da Delegacia Metropolitana de Guaiúba tomou conhecimento da
ocorrência no último mês de maio, após denúncia anônima recebida pelo
Conselho Tutelar.
Em 31 de maio, um mandado de prisão preventiva contra o
suspeito havia sido expedido pela Justiça. Desde então, conta Francisco
Cavalcante, o homem de 32 anos “viveu no mato”. Em 30 de setembro, porém, ele foi preso pela Polícia Militar, mas devido ao porte de uma faca.
Mesmo tendo informado um nome falso, delegado Cavalcante o reconheceu
na Delegacia Metropolitana de Horizonte, para onde havia
sido conduzido. Um detalhe tornava essa identificação mais fácil: o
suspeito tem tatuado no braço o nome da filha de quem ele abusava desde
que a garota tinha oito anos.
“A bichinha só vivia nos cantos, por medo, né?! Ela dizia que o pai dela pegava ela à força”, afirmou uma vizinha da família ao Barra Pesada. A fonte ainda conta que o homem agredia a jovem, assim como a mãe dela, sua companheira, que não aceitava a situação.
O caso se tornou ainda mais chocante na segunda-feira (2), quando a
Polícia Civil e o Conselho Tutelar tiveram conhecimento de que a jovem
também era abusada pelo irmão, de 19 anos. Foi quando um teste de
gravidez deu positivo; a garota havia passado mal na escola e exames
foram solicitados para averiguar a situação. A gravidez já teria dois
meses. Ela era abusada pela irmão desde julho último, segundo o próprio
jovem contou.
Todo o restante da família já tinha conhecimento do caso: o pai havia
chegado a agredir o enteado por ter “ciúmes” dele com a
filha. Diferente do pai, o jovem não ameaçava nem agredia a adolescente.
Ele não morava com a irmã, visitando-a apenas esporadicamente, segundo o
conselheiro tutelar Gláucio Prudêncio.
Ao Barra Pesada, a jovem chegou a afirmar que havia
se “apaixonado” pelo irmão e que lamentava pela prisão dele, ocorrida
nessa terça-feira (3). “Como vai ser quando o meu filho perguntar onde está o pai?”,
questionava. No entanto, o Código Penal Brasileiro (CPB)
qualifica qualquer conjunção carnal ou ato libidinoso com menores de 14
anos como estupro de vulnerável. A pena para o crime varia de 8 a 15 anos de prisão.
A mãe deles também demonstrou preocupação sobre como a criança vai
crescer. “Eu fico alegre, porque a gente vai ter a felicidade de [ter]
uma criança. A criança não tem culpa. Mas, na mesma hora, eu imagino
como é que a gente vai criar”.
A adolescente vem sendo acompanhada pelo Conselho Tutelar desde que o
caso foi descoberto, assim como pelo Centro de Referência Especializado
de Assistência Social (Creas). Ela recebe acompanhamento psicológico e
mora em uma nova casa, cujo aluguel é custeado pela Prefeitura
Municipal.
“À medida do possível, ela está bem, pelo menos, aparentemente. Está
bastante aliviada pela prisão do pai, de quem ela tinha muito medo”,
afirmou Gláucio Prudêncio a Tribuna do Ceará nessa terça-feira (3).
Tribuna do Ceará



