O juiz federal João Batista Leite, da 6.ª Vara Federal, em São Paulo,
aceitou nesta segunda-feira, 16, denúncia do Ministério Público Federal
contra os irmãos Joesley e Wesley Batista, principais acionistas do
Grupo J&F.
Os procuradores da República Thaméa Danelon e Thiago Lacerda Nobre, do
Ministério Público Federal, em São Paulo, denunciaram os empresários, na
Operação Acerto de Contas, desdobramento da Tendão de Aquiles, por uso
de informação privilegiada e manipulação do mercado. Os executivos estão
presos.
A Tendão de Aquiles apura o uso indevido de informações privilegiadas em
transações no mercado financeiro ocorridas entre abril e 17 maio, data
da divulgação dos dados relacionados à delação premiada firmada pelos
executivos e a Procuradoria-Geral da República.
Para o Ministério Público Federal, em São Paulo, os irmãos "minimizaram
prejuízos mediante a compra e venda de ações e lucraram comprando
dólares com base em informações que dispunham sobre o acordo de delação
premiada que haviam negociado com a Procuradoria-Geral da República".
"Juntos, Wesley e Joesley atuaram para reduzir o prejuízo com os papéis e
lucrar com a compra da moeda americana, aproveitando-se da informação
privilegiada e, como consequência, manipulando o mercado de ações", diz a
Procuradoria da República.
Segundo a denúncia, "as operações ilegais" de venda e compra de ações ocorreram entre 31 de março e 17 de maio.
Wesley foi preso em 13 de setembro, em sua casa, em São Paulo. Joesley
havia sido custodiado dois dias antes por ordem do ministro Edson
Fachin, do Supremo Tribunal Federal, por suspeita de violação de sua
própria delação premiada.
Os irmãos foram indiciados pela Polícia Federal em 20 de setembro.
Joesley foi indiciado pela suposta autoria dos crimes de manipulação de
mercado e uso indevido de informação privilegiada, previstos na Lei
6.385/76, com abuso de poder de controle e administração, em razão do
evento de venda de ações da JBS S/A pela FB Participações, controladora
desta última.
Wesley foi indiciado como autor do crime de manipulação de mercado e
"como partícipe no crime de uso indevido de informação privilegiada
praticado por Joesley com abuso de poder de controle e administração, em
relação aos eventos relativos à venda e compra de ações da JBS S/A".
O relatório final da PF na Tendão de Aquiles foi entregue ao Ministério
Público Federal. Segundo o documento, com a assinatura do compromisso de
delação premiada, os irmãos tiveram a certeza de que aquele documento
"era impactante" e a informação poderia ser utilizada no mercado.
Estadão Conteúdo



