Azzurra, que era presença
constante desde 1958, será única campeã do mundo ausente na Rússia
Com o empate por 0 a 0 diante da
Suécia, em Milão, a Itália desperdiçou a última chance na repescagem europeia
e, após 60 anos, estará de fora de uma Copa do Mundo. Será a terceira vez na
história - e a primeira desde 1958, no Mundial da Suécia, que deu o primeiro
título ao Brasil - que a tetracampeã Azzurra não disputará o título.
Em número de participações, a
Itália, agora, está atrás apenas do Brasil (que na Rússia fará sua 21ª
participação em 21 edições do torneio), e da Alemanha, que na Rússia fará sua
19ª aparição; após o fracasso nas eliminatórias, agora, a Azzurra estacionou em
18 presenças.
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Meia Alessandro Florenzi lamenta
após o apito final: Itália está fora da Copa. Foto: Marco Berotorello/AFP
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A primeira vez que a Azzurra
ficou de fora foi na edição de estreia, em 1930, no Uruguai, quando muitos
países europeus abdicaram de disputar a competição por causa da cara e
cansativa viagem de navio até a América do Sul – apenas Bélgica, França,
Iugoslávia e Romênia representaram o continente.
Depois dos títulos em 1934 e
1938, a Azzurra voltaria a se ausentar de uma Copa em 1958, na Suécia, porém
desta vez por demérito próprio. Nas Eliminatórias da Europa, a então bicampeã
dividiu grupo com Irlanda do Norte e Portugal e chegou à última rodada
precisando de apenas um empate para se classificar.
No entanto, em 15 de janeiro de
1958, acabou derrotada pelos norte-irlandeses em Belfast por 2 a 1 – o gol da
Azzurra foi marcado pelo ítalo-brasileiro Dino da Costa – e terminou a chave na
segunda posição, ficando de fora do Mundial.
Desde então, a Itália esteve
presente em todas as Copas e ainda ganhou mais dois títulos, em 1982 e 2006.
TRAGÉDIA
A "tragédia" vinha
sendo anunciada desde a Copa da África do Sul, quando os então campeões não
passaram da primeira fase. Um novo fracasso no Brasil, em 2014, não fez com que
os dirigentes italianos abrissem os olhos para o empobrecimento da Azzurra.
O mau momento do futebol italiano
pode ser explicado pelo futebol praticado dentro da "Bota". Neste
século apenas três "orelhudas" foram para Milão: duas vezes com o
Milan e uma com a Internazionale.
No campeonato nacional, quarto em
interesse na Europa, atrás de Espanha, Inglaterra e Alemanha, o domínio absurdo
da Juventus e seus seis títulos consecutivos demonstra a falta de equilíbrio e
de poderio técnico das equipes.
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Buffon chora depois da Itália
ficar fora da Copa do Mundo Foto: Alessandro Garofalo/Reuters
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Um dos motivos apontados seria o
excesso de jogadores estrangeiros que impediria o surgimento maior de jovens
talentos, que precisam disputar espaço com atletas vindos de outras partes do
mundo.
Há menos de um ano e meio no
cargo, Giampiero Ventura parece que ainda não conseguiu transmitir para os
jogadores a sua ideia tática.
O estilo calmo de Ventura, com
ceterza, será criticado ao extremo pela crítica mídia italiana, que não
respeitará os 40 anos de trabalho do treinador.
O futebol italiano sofrerá,
agora, uma profunda reestruturação desde as categorias de base dos grandes
times.
O JOGO
Com seu bom trio de zagueiros
formado por Barzagli, Bonucci e Chiellini, além de Immobile no comando do
ataque, mas Insigne no banco, a seleção italiana fez o esperado e iniciou o
jogo pressionando a Suécia.
A falta de qualidade na troca de
passes, contudo, era evidente. Recuada e apostando nos contra-ataques, a Suécia
não tinha grandes dificuldades para neutralizar o ataque adversário. Tanto que
a primeira chance italiana veio apenas aos 26: Immobile recebeu de Jorginho,
cruzou rasteiro, a bola atravessou a pequena área e ninguém apareceu para
empurrar. Candreva ainda aproveitou e finalizou por cima.
Jogador mais perigoso da seleção
italiana, Immobile seguia se movimentando bem. Aos 39, novamente dentro da
área, ele recebeu, girou e bateu prensado com o goleiro - Lustig afastou antes
que a bola entrasse.
A tônica da partida permaneceu a
mesma no segundo tempo: enquanto a Suécia recuava, a Itália tentava evitar o
vexame com uma pressão atabalhoada. Ainda assim, quase abriu o placar com um
golaço aos oito minutis, quando Florenzi acertou belo voleio. A bola saiu rente
à trave esquerda.
A tensão, então, passou a
aumentar a cada minuto. A seleção italiana ainda acertou o travessão, em
cruzamento de Florenzi que desviou na zaga. Era pouco. Com uma grande dificuldade
de criação, a equipe protagonizou um vexame histórico e ficará fora de uma Copa
após 60 anos. Será, ainda, a única campeã mundial não classificada para a Copa
da Rússia.
O Mundial de 2018 conta agora com
29 seleções classificadas. Além da Suécia, estão confirmados Egito, Nigéria,
Senegal, Marrocos, Tunísia, Rússia (país-sede), Brasil, Bélgica, Inglaterra,
França, Alemanha, Islândia, Polônia, Portugal, Sérvia, Espanha, Argentina,
Colômbia, Uruguai, Costa Rica, Panamá, México, Irã, Japão, Coreia do Sul,
Arábia Saudita, Croácia e Suíça, estas duas últimas também garantidas na
repescagem europeia.
Estadão




