O governo decidiu incluir o Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf) no combate ao crime organizado. O colegiado rastreará
o dinheiro do tráfico de drogas e de armas que circula dentro e fora do
Brasil. "O grupo que comanda as operações no Rio terá de colocar o Coaf
para fazer a descrição da rota do dinheiro", disse o ministro da
Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco.
O Palácio do Planalto avalia que é preciso mobilizar todas as esferas
institucionais para enfrentar a batalha contra o crime e suas conexões
internacionais, além de "revisitar" a política de segurança pública. A
atribuição do Coaf já é identificar movimentações financeiras atípicas e
informá-las à Polícia Federal e ao Ministério Público, responsáveis por
investigar a origem dos recursos.
Para Moreira Franco, o ideal é que haja uma força-tarefa formada pela
polícia e também pelos Ministérios da Justiça, da Defesa e do Gabinete
de Segurança Institucional, com participação do Ministério Público
Estadual, da Defensoria Pública e do Judiciário. "O importante é somar
forças porque o cidadão precisa ter garantido o seu direito de ir e vir.
Não pode ser coagido, ameaçado ou tirado de sua casa, de seu templo...
Muitas áreas, hoje, estão sob controle do crime organizado. Não dá para
ser assim", disse o ministro, que ajudou o presidente Michel Temer a
tirar o plano do papel.
A reportagem apurou que o governo tem informações sobre todas as facções
criminosas e o grau de corrupção que atinge a polícia no Rio. Moreira
Franco, porém, não quis dar detalhes. "O general Braga Netto não entrará
lá com espírito de Sherlock Holmes", afirmou ele, em uma referência ao
interventor Walter Braga Netto. "Não há espírito de vingança. Os que
estão no desvio serão punidos, mas os adversários estão do outro lado da
fronteira."
Ao ser lembrado de que, quando era governador do Rio (1987-1991)
prometeu, sem sucesso, resolver o problema da segurança em seis meses,
Moreira Franco justificou ter sido movido pela impetuosidade. "Eu tinha
40 anos e a impetuosidade era maior. Hoje, tenho 73. A violência não
acaba nem em seis meses nem em seis décadas."
Estadão Conteúdo


