O senador Tasso Jereissati (PSDB) criticou ontem, pela primeira vez, a
movimentação da base do governador Camilo Santana (PT) de praticamente
esvaziar as forças opositoras na Assembleia Legislativa. Comparando o
cenário atual com o de 1986, quando surgiu na política derrotando os
“coronéis” no Ceará, o ex-governador afirmou que a oposição no Estado
foi “abafada” e que não há “espaços” para críticas ou fiscalização do
Executivo estadual.
“Hoje está se perdendo um espaço que a democracia conquistou quando
acabou o período militar. Aqui no Ceará se está praticamente tapando
todos os espaços para a oposição, para a discussão, para a crítica, que é
evidentemente fundamental para que o governo seja bom”, disse Tasso a
jornalistas.
A declaração foi dada momentos antes de o tucano participar do Renasce,
evento de cunho “liberal”, que reuniu, no Hotel Gran Marquise, em
Fortaleza, diversas lideranças de oposição ao governador Camilo Santana
(PT) — entre elas o pré-candidato ao Palácio da Abolição, deputado
estadual Capitão Wagner (PR).
Questionado pelo O POVO se o nome do parlamentar estaria definido pelo
grupo de oposição para disputar com Camilo em outubro, Tasso adotou um
tom de cautela e pediu tempo. Ele afirmou que “não tem nada definido”
sobre o nome de Wagner e que até o final deste mês as lideranças tomam
“decisão em conjunto”.
Wagner, por outro lado, disse que de fato ainda não há definição do
grupo sobre seu nome para a disputa do Executivo e que a divulgação da
candidatura acabou sendo feita “por ansiedade” de participantes da
última reunião da oposição.
Uma pesquisa de perfil está sendo feita pelo grupo para a definição da
candidatura. “Meu nome está à disposição, mas, para que o grupo tenha
unidade, precisamos da pesquisa. Reafirmo a minha vontade e o meu nome,
mas não posso ser candidato de mim mesmo. Se o grupo decidir que não, me
recolho ao meu tamanho e à vontade do grupo. Sozinho não chego a lugar
nenhum, preciso de partidos, de tempo de TV e de rádio”, afirmou o
pré-candidato.
A pesquisa, que deverá ser finalizada nos próximos dias, será analisada
pela oposição e por especialistas para a definição do melhor perfil para
encabeçar a chapa da candidatura ao Executivo. “Acreditamos que na
pesquisa nosso nome sairá muito bem cotado. Essa pesquisa vai ser um
divisor de águas do cabeça da chapa”, disse Wagner.
O POVO Online