
Horas após a saída das Forças Armadas, que realizaram uma operação no sábado para remover barreiras da Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio,
os traficantes da favela colocaram novas barricadas nas ruas da
comunidade. Segundo moradores, o trabalho foi refeito logo após os
militares deixarem o local. As barreiras são instaladas nas vias para
atrapalhar a entrada da polícia e de bandos de criminosos rivais.
A
operação realizada pelos militares no último sábado retirou 16
barricadas da comunidade. Segundo o Comando Militar do Leste, um dos
principais objetivos era justamente a remoção das barreiras. Para isso,
os militares usaram até mesmo tratores. Os obstáculos são feitos com
tonéis cheios de concreto, com pedaços de trilhos de trem cravados no
chão ou com vigas também presas no asfalto.
No entanto, uma barreira na
Avenida Marrocos já estava sendo recolocada ainda na tarde de sábado,
poucas horas depois de as Forças Armadas saírem da favela.
— Não passa meia hora e tudo já volta para o lugar — conta uma moradora, na condição de anonimato.
Na Rua Oscar Ferreira, em frente à Rua Cupertino Marques, há uma
outra barreira, diante do portão principal da Escola Municipal Orestes
Barbosa. Há outra barreira está numa esquina próxima, da Rua Eduardo
Souto com a Oscar Ferreira, na frente à Escola municipal Presidente Café
Filho.

A
seção de comunicação social do Comando Conjunto das Operações em Apoio
ao Plano Nacional de Segurança Pública informou que foram retiradas
barricadas de "algumas centenas de pontos, alguns deles com redundância e
linhas sucessivas, e mapeados por coordenadas utilizadas nas cartas
topográficas militares". O órgão, no entanto, não precisou os locais
retirados: "A localização precisa dos obstáculos é, portanto, um dado
operacional classificado, cuja publicidade implicaria também indicar os
pontos onde os criminosos, em geral, posicionam-se para vigia-los".
Entre os dias 16 de fevereiro e 1º de março, foram removidos cerca de
80 obstáculos, entre fixos e móveis, ao longo da Vila Aliança e Vila
Kennedy. O Comando Militar do Leste afirmou que a recolocação das
barricadas está sendo analisadas pela inteligência do Comando Conjunto,
em estreita ligação com a Secretaria de Segurança, e serão utilizadas no
planejamento de medidas apropriadas por parte do Gabinete de
Intervenção Federal.
O Globo / Agência O Globo