Granja. Este Município do Norte do Estado, registrou
chuva de 96 mm, entre domingo e ontem. A maior do dia, entre as 100
cidades que receberam precipitações. Com essas fortes chuvas, a situação
de muitos moradores das localidades e distritos que precisam se
deslocar diariamente pela região, se agravou.
A cerca de 30Km da sede, num trecho da comunidade de Paula Pessoa, a
força das águas do Rio Itacolomy engoliu parte da estrada, formando um
profundo buraco, nas proximidades da cabeceira da única ponte de acesso a
várias localidades. O rio nasce na Chapada da Ibiapaba, em Viçosa do
Ceará, e deságua no Coreaú, na divisa entres Granja e Uruoca.
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A correnteza arrastou muitas pedras e areia da borda da estrada,
fragilizando o acesso e deixando o trecho intransponível para carros. Os
mais afoitos, que viajam de motocicleta, descem buraco adentro, até
saírem do outro lado, subindo pelo caminho parcialmente destruído.
Outros arriscam fazer a passagem a pé ou de bicicleta.
"Eu tenho deixado a motocicleta em casa, e utilizado mais a bicicleta
para rodar pelo distrito, por medo de cair nessas pedras. Todos os anos
têm sido o mesmo problema. Chega o inverno e a água corta as estradas.
Se continuar assim, nem moto vai conseguir mais passar, daqui a uns
dias", acredita a dona de casa Salete Gomes, moradora de Córrego do
Lino, uma das localidades quase isoladas.
Para minimizar o impacto, um dos motoristas de transporte escolar que
circulam pela região, diariamente, com cerca de 25 estudantes, resolveu,
ele mesmo, tentar recuperar parte da buraqueira. Enquanto o Poder
Público Municipal não chega, com ajuda de uma picareta e uma enxada,
Afrânio Araújo arrasta os pedregulhos para compactar o que restou do
trecho e, assim, facilitar a passagem, pelo menos, das motocicletas,
veículos tão comuns no deslocamento de famílias inteiras, por estradas
carroçáveis do interior cearense.
"Como as águas baixaram, as aulas foram retomadas nesta semana, mas
muitas estradas continuam perigosas. Aqui, a atenção maior é durante o
retorno, à noite. O ônibus deixa os alunos nesse pedaço de estrada, eles
atravessam a pé e seguem para casa, em suas localidades, levados por
parentes", explica o motorista. "Esse problema que enfrentamos nas
estradas de Granja não é novo. Todos os anos, com a chuva, as águas
destroem as passagens, e ficamos sem saber a quem recorrer", reclama o
agricultor Evandro Rodrigues.
Segundo Raimundo Braz, subsecretário de Infraestrutura de Granja, a
chuva têm causado transtornos, tanto na sede, quanto nas estradas
carroçáveis; parte delas cortadas pelos rios Itacolomy e Coreaú. "À
medida que a chuva cessa, trabalhos de terraplanagem e compactação têm
sido realizados para minimizar os danos. Temos uma grande extensão de
estradas não asfaltadas, que nos ligam a essas muitas comunidades",
afirma.
Diário do Nordeste