A renda média do cearense aumentou de R$ 1.403 para R$ 1.503, em
2017. Porém, a desigualdade está se agravando. A Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgada ontem pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, no Estado, o
Índice de Gini - indicador que mede a desigualdade em escala de zero
(igualdade) até 1 (desigualdade máxima) - subiu de 0,553, em 2016, para
0,560, em 2017. Alta de 1,26%. O Ceará é o terceiro no ranking da
desigualdade no Nordeste e o sétimo no País.
Até 2016, o Estado
ocupava a oitava colocação nacional. A média brasileira se manteve
estável, em 0,549. Mas, à exceção do Sudeste, que passou do segundo
maior índice em 2016 (0,520) para o segundo menor em 2017 (0,510), em
todas as demais regiões houve agravamento deste quadro.
No
Nordeste, onde o fosso que separa ricos e pobres é mais fundo, o
indicador subiu 2,1%, passando de 0,545, em 2016, para 0,559, em 2017.
Na região, o Ceará só perde para Bahia (0,599) e Paraíba (0,563). No
Brasil, o Amazonas encabeça a lista (0,604).
Em termos práticos,
significa que os ricos estão mais ricos e os pobres cada vez mais
pobres. Quase metade do total dos rendimentos no Ceará (44,7%) está
concentrada nas mãos de apenas 10% da população. Já os 10% mais pobres
detém apenas 0,7% desta massa.
No ano passado, as pessoas que integram o grupo de 1% da população
que ganha mais no Estado recebeu, em média, R$ 19.935. O valor é 40,1
vezes maior que a renda média dos 50% da população mais pobre (R$ 497).
Na região Nordeste, essa razão foi dei 44,9 vezes e na região Sul,
apenas 25 vezes.
“É uma situação preocupante se considerarmos que
há oito anos estávamos comemorando a redução da desigualdade”, afirmou o
coordenador do Laboratório de Estudos da Pobreza da Universidade
Federal do Ceará (LEP/ UFC), Vitor Miro.
Dentre as razões, é que
na crise a população com menos escolaridade foi a mais atingida pela
perda do emprego e, na tentativa de voltar ao mercado, aceitam ofertas
com menor renda, inclusive, no mercado informal. “Mesmo com a
recuperação da economia ocorrida em 2017 e o controle da inflação, esse
perfil de trabalhador leva mais tempo para recuperar-se economicamente”,
avalia o diretor de estudos sociais do Instituto de Pesquisa e
Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), João Mário Santos de França.
Foi
o que aconteceu com o pintor, Francisco Ferreira, de 54 anos. Nos
últimos dois anos, perdeu o emprego, teve de vender o carro e hoje vive
de bicos. “As coisas estão começando a melhorar, mas meu sonho é voltar a
ter a estabilidade da carteira assinada”, afirma.
O ÍNDICE NO CEARÁ E NO PAÍS
Até
2016, o Estado ocupava a oitava colocação nacional, mas subiu uma
posição no ranking da desigualdade. A média brasileira se manteve
estável, em 0,549.
O Povo