A população do município de Nova Russas (distante 303 km de
Fortaleza) tem vivido atordoada nos últimos meses com os desgastes
promovidos entre os próprios gestores, que não se entendem quando o
assunto é a administração pública.
Ainda em 2017, havia o rumor de estranhamento entre o prefeito Rafael
Pedrosa (PMN) e o vice, Júnior Mano (MDB). O rompimento foi
oficializado no início deste ano, nos primeiros dias de janeiro, por
meio de Júnior, através de uma emissora de rádio local. De acordo com o
vice-prefeito, a principal causa do rompimento é o que ele chama de
“estelionato eleitoral”.
Segundo foi publicado pela imprensa na época, Júnior afirma que quem
governa de direito o município é o médico Rafael Pedrosa, mas quem de
fato comanda e determina todas as ações administrativas da prefeitura é o
pai dele, o secretário de finanças, Washington Pedrosa.
Com o rompimento, a oposição cresceu, já que o vice-prefeito levou
consigo seis vereadores, três secretários municipais e grande parte do
eleitorado. Júnior já anunciou que vai concorrer a uma vaga de deputado
federal. A declaração causou mal estar no grupo político tanto do
prefeito quanto do vice. Mas Júnior mantém a decisão, e quer ser
conduzido à Câmara Federal no ano que vem.
Na noite desta terça-feira (3/4), outro gestor público, o
superintendente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Nova Russas
(SAAE), Jamil Almeida Pinto, publicou em seu Facebook a saída à frente
do órgão, e cita “razões de foro íntimo” para se desligar da atual
gestão.
Vale destacar que Jamil Almeida Pinto foi a causa de imenso mal estar
nas esferas íntimas da atual gestão, já que o gestor teve decisão do
então Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) contas julgadas
irregulares, quando esteve à frente da Secretaria de Infraestrutura de
Nova Russas.
Ainda com as contas declaradas irregulares, o prefeito Rafael Pedrosa
o nomeou Chefe de Gabinete da Prefeitura e, em seguida, o transferiu
para a Superintendência do SAAE. “A atitude foi uma afronta à população,
pois há uma legislação municipal que impede um gestor com contas
irregulares assumir o cargo, é um desrespeito às normas que regem a
administração pública”, declara uma fonte com fortes ligações com a base
do prefeito na Câmara Municipal, mas que pediu para não ser
identificada.
“Jamil foi o idealizador de um aumento de 100% na taxa de água e
esgoto aqui em Nova Russas. A medida extremamente impopular só teve
aprovação porque a mãe do prefeito era a presidente da Câmara dos
Vereadores ano passado e forçou a votação, mesmo diante de protestos por
parte da população”, explica a mesma fonte.
Segundo a fonte, o suposto descontentamento de Jamil, que resultou em
sua provável renúncia foi o fato de querer impor este ano de 2018,
outro aumento na taxa de água em mais 20%. “Mas agora o presidente do
legislativo não é mais a mãe de Rafael, e o vereador que exerce o
mandato foi da oposição, e ninguém sabe mais qual sua posição atual. A
Câmara agora se parece mais com um circo, tudo orquestrado pelo
Washington. Eles acham que não, mas a população está percebendo”,
afirma.
A fonte complementa: “Jamil não tem força política, não é querido
pela população nem teria votos suficientes se fosse candidato, nem tem
poder econômico. Ele tem uma atuação misteriosa e atrapalha tanto a base
quanto a oposição”.
De acordo com outras fontes ligadas aos dois grupos políticos que
lideram o município, tanto oposição quanto situação vibram com a saída
de Jamil. “Ele tem causado mal estar desde o início da gestão. Não se
sabe o motivo pelo qual Jamil iniciou o governo como Chefe de Gabinete
do prefeito, mas após pressão política, ele saiu e foi conduzido à
superintendência do SAAE”, afirma a fonte, que também prefere não se
identificar.
Ainda segundo a mesma fonte, a população acredita haver algum segredo
entre Jamil e o gestor de fato, o pai do prefeito, Washington Pedrosa.
“Deve haver algum fato desconhecido que mantenha Jamil com tanto poder
frente à gestão, nem a base suporta mais ver Jamil falar em nome do
prefeito”, diz.
Com Expresso Ceará