O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o primeiro presidente da República do Brasil preso por crime comum.
Condenado a 12 anos e um mês por corrupção e lavagem de dinheiro, ele
ficará preso em uma sala especial da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Lula saiu a pé do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, por volta
das 18h45 deste sábado (7), cercado por seguranças e entrou num dos
carros do comboio da Polícia Federal. Mais cedo, num discurso em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos
de São Bernardo (SP), ele avisou que se entregaria à PF. "Eu vou
cumprir o mandado (de prisão contra ele) e vocês vão ter que se
transformar, cada um de vocês vai se chamar Chiquinha, Zezinho, e todos
vocês vão virar Lula e vão andar por esse país e vão ter que saber.”
Antes, por volta das 17h, ele chegou a entrar num veículo no
estacionamento do sindicato, para se entregar, mas foi impedido por
militantes, que bloquearam a saída do carro. O ex-presidente então
voltou para o prédio.
Lula está com a prisão decretada no caso tríplex do Guarujá desde
quinta-feira (5). Lula disse, ainda pela manhã, que iria mostrar que é
inocente. “Quero chegar e falar para o delegado que estou à sua
disposição e a história daqui a alguns dias vai provar que quem cometeu
crime foi o delegado que me acusou, o juiz que me julgou e o Ministério
Público que foi leviano comigo", disse.
“Vou de cabeça erguida e vou sair de peito estufado de lá”, afirmou, ao encerrar o discurso de 55 minutos.
Acusação
Antes de Lula, seis ex-presidentes da República foram detidos
só que por motivações políticas. As prisões começaram com Hermes da
Fonseca, no começo do século 20, depois, Washington Luís e Arthur
Bernardes, nos anos de 1930; Café Filho, na década de 1950; e
Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros durante a ditadura militar.
No caso de Lula, ele foi condenado após acusação de ter sido beneficiado com o repasse de R$ 3,7 milhões para a compra e reforma do triplex
no Condomínio Solaris em Guarujá (SP). Deste valor, uma parte teria
sido utilizada para o armazenamento, entre 2011 e 2016, de presentes que
Lula recebeu durante os mandatos como presidente.
De acordo com a denúncia, as reformas feitas no imóvel pela construtora
OAS, como a instalação de um elevador privativo, eram parte de
pagamento de propina da empreiteira a Lula por supostamente tê-la
favorecido em contratos com a Petrobras.
Diário do Nordeste