Forquilha: A forte chuva que colocou este Município do Norte do Estado na
segunda (116,6mm) e quarta posição (100mm), no Ranking das dez maiores
precipitações de segunda para terça-feira, segundo a Fundação Cearense
de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), também deixou um rastro
de destruição em alguns pontos.
Um trecho da Rua Paulo Francileno Barbosa, próximo ao Centro, que
passava por reformas para receber obras de saneamento básico, não
resistiu à força da água, ficando completamente destruído. O buraco
aberto deixou a via sem condições de tráfego. Segundo os moradores, a
chuva começou por volta das 16h, se estendendo até à noite, sem muita
trégua.
Ali próximo, a água também pôs abaixo parte do muro de trás de uma
Escola de Ensino Fundamental. Ninguém ficou ferido. "Foi um susto
grande, quando a água começou a subir e arrastar o material da obra de
esgotamento da rua. Pouco tempo depois, o muro da escola não aguentou e
caiu", relatou a dona de casa Maria da Consolação Soares, que teve parte
da sala inundada.
Correnteza
O Cemitério São Francisco, no Centro, também teve parte do muro
traseiro destruído, expondo lápides e túmulos. Com a correnteza que se
formou, as moradias que ficam numa rua abaixo do nível do cemitério
foram invadidas pela lama. "Já estávamos preocupados com tanta chuva e o
barulho dos trovões, à tarde inteira. Quando o muro desabou, foi um
susto grande. Foi um sufoco para salvar os pertences, já que não tinha
como impedir a entrada da água. Graças a Deus, não perdi nada, mas as
paredes e o piso da casa ainda estão encharcados", disse a aposentada
Dalva Gomes de Oliveira.
Alagamento
No Bairro Alto Alegre, a água também subiu inesperadamente e entrou
pelas residências. Uma das vítimas da enxurrada foi a comerciante Sônia
Siqueira. "Eu perdi quase todos os meus móveis e parte dos
eletrodomésticos. Eu moro e trabalho aqui, então, não sei como vou
resistir se voltar a chover assim", lamentou, olhando, da porta de casa,
para o céu encoberto de nuvens carregadas.
Essa nebulosidade, de acordo com a Funceme, representa predominância de
chuva na região Centro-Norte, ainda para esta quarta-feira (11), assim
como nebulosidade variável com chuva, nas demais regiões do Ceará,
causada pela influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e
um Cavado de Altos Níveis (CAN), responsáveis pelas chuvas do Estado do
Ceará nesse período.
Ibiapaba
No município de Guaraciaba do Norte, na Serra da Ibiapaba, o dia foi de
muito trabalho, após a chuva 62mm que surpreendeu pela força, formando
correntezas e vários pontos de alagamento. Trechos da Rua Coronel João
Cícero Memória, e da Avenida Nossa Senhora dos Prazeres, ambas no
Centro, foram bastante danificados. A primeira segue intransponível, por
conta da obra de esgotamento sanitário realizada, até então.
O assunto tem repercutido nas rádios locais e nas redes sociais.
Segundo o radialista Diassis Lira, "foi uma verdadeira tromba d' água
que caiu na cidade, causando todo esse estrago".
De acordo com o secretário de Infraestrutura de Guaraciaba do Norte,
Jair Boto, "o projeto de drenagem e pavimentação dessa rua está em
andamento. Mas os moradores vão ter que esperar, ainda, pois não há uma
data definida para resolver o problema. A previsão é que a obra
recomece, em 45 dias", disse.
Aportes
Apesar dos estragos, as chuvas que banharam o Estado, nos últimos dias,
foram importantes para uma significativa mudança no que diz respeito ao
aporte dos reservatórios cearenses. O levantamento dessa terça-feira
registrou aporte de água em 85 açudes, com aumento, nesse período, de
43.666.441 m³, no volume armazenado.
Ao levar em consideração a estimativa do volume evaporado e o volume
liberado neste período, o Portal Hidrológico do Ceará, que monitora 155
reservatórios no Estado, aponta um aporte total de 57.433.949 m³.
O Castanhão (Alto Santo), importante reserva hídrica do Ceará, recebeu,
nessa terça-feira (10), 5 metros e 86 cm em coluna d'água. No mesmo
período do ano passado (fevereiro a abril), esse ganho foi de apenas 2
metros e 4 centímetros, e a diferença entre os dados revela a inegável
saída do volume morto. Só ontem, o açude apresentou 15.262.217 m³ de
aporte.
De acordo com Fernando Pimentel, administrador do complexo
administrativo do reservatório, hoje, com toda a tecnologia que possui, o
Castanhão está pronto para receber as águas do São Francisco.
"Esperamos, pelo menos, que tenhamos em alguns dias, cerca de mais 10
metros de coluna d'água. E essa mudança de volume, ainda, nesse período
de abril, nos abre a certeza de garantia hídrica até a próxima quadra
chuvosa, claro, com a utilização racional de seus recursos", comemorou.
Irrigação
Quem também acompanha com olhar atento as mudanças de volume de água,
são os irrigantes do Complexo de Irrigação Araras Norte, em Varjota, no
Norte do Estado. Ontem, o Araras foi o terceiro reservatório em maior
volume de aporte apontado pela Cogerh (6.671.020 m³).
"Isso nos dá a garantia de manutenção do cultivo de frutas plantadas no
ano passado, por meio de irrigação. As plantações de banana, manga e
mamão, que levam, em média, dois anos para serem colhidas, terão melhor
produção no período de verão, com essa garantia de aporte. Estamos
cheios de esperança que iremos superar o ano passado", declarou Haroldo
Lima, secretário de Recursos Hídricos de Varjota.
Diário do Nordeste