Após cinco dias da greve de caminhoneiros no País, há sério risco
de desabastecimento em postos de Fortaleza. Na noite de ontem, 24,
postos já sofriam com o problema. Em dois locais começou a faltar
combustível nesta sexta-feira, 25. O Posto Texas, de bandeira Ipiranga,
na avenida Visconde do Rio Branco, Aerolândia, acumula filas e já está
sem etanol e gasolina aditivada. De acordo com a supervisora Eliene
Lopes, 36, a gasolina só deve durar até meio dia. "A gente tá
preocupado, estamos trabalhando na incerteza", preocupa-se.
O
bancário Humberto Martins, 32, resolveu fazer estoque com medo da falta
de combustível. "O carro tava quase todo cheio, mas como eu tava
prevendo que pode faltar alguma coisa, vou logo completar mais um
pouquinho", conta. Ele relatou que o Texas foi o único em que encontrou
combustível após passar em outros dois, na avenida Engenheiro Santana
Júnior e na avenida Alberto Sá.
No Posto Projeção,
na rua Padre Valdevino, bairro Joaquim Távora, consumidores chegam e
dão meia volta ao aviso do frentista: acabou o estoque de gasolina,
tanto comum quanto aditivada. Só restam diesel e etanol, mas com
quantidade reduzida. Segundo o gerente, que preferiu não se identificar,
o posto esperava abastecimento na última quinta-feira, 24, mas que não
chegaram caminhões com combustível. Ele acredita que o etanol e o diesel
do estoque não devem aguentar o dia inteiro.
No
Bairro de Fátima, o posto de bandeira Shell Sobral & Palácio, na
avenida 13 de maio, segue com abastecimento, que deve durar até
segunda-feira, segundo a gerente. Ela afirma que, durante o dia de
ontem, o movimento chegou a aumentar 70%. Para o motorista de Uber
Rogério Neves, 45, que abastecia no local, o etanol tem sido mais
vantajoso que a gasolina devido ao preço. Porém, a situação ainda é
insustentável. "Eu vou parar, porque não tem condições desse jeito",
lamenta.
No posto Aliança, de bandeira BR, na
avenida Antônio Sales, no Joaquim Távora, todos os combustíveis estavam
em estoque devido ao fato de o estabelecimento ter conseguido receber
remessa no dia anterior. O gerente Gerardo Bezerra conta que o movimento
triplicou na última quinta-feira e que se encontra muito acima do
normal. "Tá tendo (combustível) para o dia todo, mas se não chegar logo
pode faltar", alerta.

Antônio
José, assessor econômico do Sindicato do Comércio Varejista de
Derivados de Petróleo do Ceará (Sindipostos), informou que a falta de
combustível acontece devido à grande procura em certos estabelecimentos.
Para ele, o moento é de esperar o fim dos bloqueios. "Não vai faltar em
Fortaleza toda.
É pontual. Estabelecimentos tem dois a três dias de
abastecimento garantido. Onde falta a gente vai tentando reabastecer à
medida que os bloqueios vão sendo liberados", afirma.
A crise de desabastecimento acontece em meio à onda de protestos de caminhoneiros contra o alto preço dos combustíveis. Acordo foi firmado ontem entre representantes e governistas, mas a classe não reconhece a proposta e continua
bloqueando rodovias em todo o País.
No
quesito preço, nenhuma mudança. O preço médio observado nos
estabelecimentos pela reportagem é R$ 4,89. Pico foi atingido na última
quarta-feira, 23. A gasolina da Capital caminha para ser a mais cara do
Brasil. Em outro posto, na av. 13 de maio, o estoque de combustível deve
durar apenas até a próxima segunda-feira.
O Povo