A CBF enviou, nesta segunda-feira (18), um documento formal à Fifa em
que reclama da arbitragem do mexicano Cesar Ramos na estreia da seleção
brasileira na Copa do Mundo da Rússia no empate por 1 a 1 contra a
Suíça, no último domingo (17), em Rostov, além do trabalho do italiano
Paolo Valeri, o árbitro assistente de vídeo da partida. Arevolta envolve
a não marcação de falta do meio-campista Zuber no zagueiro Miranda, no
lance do gol da equipe adversária.
"Respeitosamente, a CBF solicita receber as gravações de vídeo e áudio
do VAR para verificar o que realmente aconteceu", pediu a entidade à
Fifa na carta assinada por Rogério Caboclo, chefe da delegação da
seleção e CEO da CBF.
Na carta, enviada à Comissão de Arbitragem da Fifa, a CBF declara que
considera estranho que Cesar Ramos não tenha nem solicitado a utilização
do árbitro de vídeo no lance. Para a entidade, o protocolo para o uso
do VAR não foi cumprido pelo juiz, seus assistentes e pelos árbitros de
vídeo, sendo que o recurso já foi usado em diversas oportunidades em
outras partidas do início desta edição da Copa do Mundo.
Os brasileiros também reclamaram de um pênalti em Gabriel Jesus, que
teria sido puxado por um zagueiro dentro da área, no segundo tempo. Mas o
próprio técnico Tite entendeu ter sido este um lance interpretativo,
assim como outros membros da sua comissão e até mesmo companheiros do
atacante do Manchester City, que assegura ter sido derrubado no lance,
quando o placar estava empatado em 1 a 1.
Para os membros da CBF e da seleção, se os lances eram duvidosos,
deveria ter ocorrido a consulta ao VAR, mesmo que o árbitro optasse por
não marcar a falta em Miranda, principal alvo da reclamação da entidade,
assim como o pênalti em Gabriel Jesus. Além disso, há dúvidas sobre
como e se Cesar Ramos recebeu informações de que as duas jogadas
reclamadas pela equipe nacional foram legais.
Em seu comunicado, a CBF faz alguns questionamentos. A entidade pergunta
se Paolo Valeri sugeriu ao árbitro principal se ele deveria revisar
algum lance durante o jogo entre Brasil e Suíça, se Cesar Ramos pediu
orientação dos responsáveis pelo VAR sobre alguma jogada e se houve
qualquer tipo de comunicação entre eles.
A decisão da CBF foi tomada após uma série de reuniões envolvendo
membros da comissão técnica de Tite e da diretoria da confederação. A
decisão, inclusive, vai em direção um pouco diferente da adotada pelo
treinador na entrevista coletiva após o duelo contra a Suíça no último
domingo. O técnico reclamou do trabalho do árbitro mexicano, mas também
declarou que a discussão não deveria ser expandida, até para não ser
vista como uma tentativa de minimizar o resultado negativo da estreia
brasileira na Copa do Mundo.
Mais cedo, a Fifa avaliou como boa a atuação de Cesar Ramos, o que teria
irritado ainda mais a cúpula da CBF. Essa defesa do trabalho do árbitro
mexicano, inclusive, teria pesado na decisão da confederação de enviar o
documento reclamando do trabalho do juiz no confronto que marcou a
estreia do Brasil neste Mundial.
Estadão Conteúdo