Com um discurso de franco-atirador, o PSDB do Ceará lançou ontem a
chapa de candidatos para as eleições majoritárias deste ano. Durante a
convenção do PSDB, que oficializou o general Guilherme Theophilo (PSDB)
candidato ao Governo do Estado, ainda sem vice definido, a principal
liderança do partido, o senador Tasso Jereissati (PSDB) fez duro
discurso contra o governador Camilo Santana (PT).
"Temos
hoje o Estado do Ceará dominado pelas facções criminosas. E não é que
elas estejam em toda parte. Elas dominaram o Estado do Ceará. E são mais
fortes do que o Governo do Ceará porque o Governo do Ceará é frouxo e
não tem coragem", disparou. A convenção foi realizada no ginásio do
colégio Ari de Sá no Centro de Fortaleza.
Na
avaliação do senador, há "omissão" e falta da "valentia necessária"
para enfrentar as facções. "Governo que tem autoridade não deixa o
Estado ficar dominado pelas facções. Tem bairros que você precisa baixar
o vidro, pedir a autorização de traficantes para entrar. A questão das
chacinas, da queima de ônibus, que acontece e volta a acontecer, e o
Governo fica omisso. Se tivesse um governo mais ativo, mais agressivo em
relação a isso, com certeza, as circunstâncias seriam diferentes",
criticou.
Os ataques, contudo, não ficaram somente na
segurança. Tasso também acusou o governador Camilo Santana de oferecer
vantagens em troca de apoio eleitoral, chamando de "armação" as
articulações realizadas pelo Palácio Iracema, anulando a oposição e
culminando em um "fato inédito" na história do Ceará.
"Estamos
numa situação tal de negociação de acordos que não era para ter dois
lados. Era para ter um lado só. Usam o poder de uma maneira deslavada. A
máquina do Governo Estadual, a máquina do Governo Federal, para
cooptar, trazer para um lado só, o lado do Governo, todos os políticos,
praticamente todos. Todos os partidos políticos, de maneira que não
houvesse competição e democracia", disparou.
Por causa dos
acertos, conforme o senador, restaram somente "três ou quatro
prefeitos" no Interior do Estado que apoiarão a chapa PSDB-Pros. Ele
afirma, contudo, que isso não será problema, pois coligação tem
"candidatos do povo e não dos políticos". Segundo ele, será uma luta
entre Davi e Golias.
"Felizmente, tiveram alguns que
resistiram. Estamos para enfrentar, talvez, o grupo mais poderoso que já
se fez aqui no Estado do Ceará. 24 partidos estão do lado de lá. A
máquina do Governo do Estado e os recursos, captando, dando cargos,
dando lugares, dando verbas", insistiu. "É muita vantagem que o Governo
dá. O Governo usa recurso público. Nós não temos recursos públicos. E,
se tivéssemos, não íamos usar porque não é ético fazer isso", emendou.
Tasso
encerrou o discurso com uma convocação, recordando o ano em que foi
eleito governador pela primeira vez, e afirmando que, se eleito,
Theophilo acabará com o problema das facções e da mentalidade política
da troca de cargos por favores e do poder pelo poder.
"Cearense,
é hora de fazer como em 86. Levantar a cabeça e dizer: nós somos um
Estado. Esse Estado tem uma história. Nós não vamos aceitar isso. Isso
não é normal! Isso não é natural! vamos enfrentar isso. Vamos acabar com
isso! (...) Deus nos iluminou e nos trouxe alguém que tem coragem para
enfrentar o Governo Temer e o Governo Camilo. Esse é o cara! O general
que vai botar moral", concluiu.
O Povo