Na cidade de Tianguá, no Ceará, a atual gestão municipal, que tomou
posse no último mês de junho após eleições suplementares, detectou
irregularidades na distribuição e armazenamento de remédios nos postos
de saúde e alimentação nas escolas. Medicamentos em falta, merenda
escolar vencida e comida estragada foram alguns dos problemas
encontrados.
Os remédios vencidos foram recolhidos para o depósito da cidade. "No
máximo dois ou três com prazo de validade em 2018. Todos serão levados e
incinerados para que não haja riscos de serem distribuídos", afirma
Iago Aguiar, responsável pelo depósito de medicamentos de Tianguá.
A Prefeitura garante que a situação já foi regularizada, mas em alguns
postos de saúde ainda faltam medicamentos. "Fica um período com
medicações básicas vindo, a população conseguindo receber, mas a gente
percebe que, em certos períodos, falta", aponta Claudia Giffoni, médica
do posto de saúde Raimundo Nogueira Beviláqua.
No depósito de merenda escolar de Tianguá, estão estocados 23 itens que
foram recolhidos nas escolas municipais, todos eles contaminados,
mofados ou com prazo de validade vencido. Um lote de sal de cozinha
havia vencido em junho de 2016. Rapaduras que fariam parte da merenda
estavam cobertas de mofo. Produtos enlatados estavam com a embalagem
danificada. Os sacos de arroz e farinha tinham insetos dentro da
embalagem. Setenta litros de bebidas derivadas de leite e 1,2 tonelada
de carne estão sem condições de consumo.
"O prejuízo é muito grande. São muitos produtos e a gente tem que
esperar as autoridades para ver o que vamos fazer com esses produtos.
Vamos tentar trocar com as empresas que forneceram", diz Jaqueline
Portela, chefe do depósito de merenda.
De acordo com a atual administração, todas as 64 escolas de
responsabilidade da Prefeitura tinham itens vencidos na despensa. O
problema foi identificado durante as férias escolares. Tudo foi
resolvido no retorno às aulas, segundo a Prefeitura.
O município de Tianguá passou por eleições em junho para a escolha de
novo prefeito. A chapa que assumiu diz que a responsabilidade dos
produtos vencidos é da antiga gestão, quando o prefeito e o
vice-prefeito eram, respectivamente, Luiz Menezes de Lima (PSD) e Aroldo
Cardoso Portela (PMB). O registro de candidatura foi impugnado pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em 12 de junho de 2018, tomaram posse como nova chapa Jaydson Aguiar e Mardes Filho, vencedores das eleições suplementares.
A secretária de Educação da antiga gestão, Ana Vl afirmou que
desconhecia a existência de alimentos fora de validade nas escolas
municipais. "Para mim foi uma surpresa muito grande, porque eu jamais
seria irresponsável de colocar uma situação dessas, principalmente
servir merenda vencida para os alunos", afirmou.
O último prefeito do município, Valdeci Vieira de Azevedo, assumiu
interinamente o mandato nos três meses anteriores às eleições de junho.
Ele disse que não houve tempo hábil para verificar todas as pendências
deixadas pelo gestor anterior, Luiz Menezes. "Não deu tempo para que eu
tomasse pé de tudo. Eu só passei 80 dias. Oitenta dias a gente ainda
está começando uma gestão, se adaptando ainda".
O ex-prefeito, Luiz Menezes, afirmou que os medicamentos vencidos
estavam fora do prazo de validade por falta de procura nos postos e que
não tinha controle sobre as prescrições dos médicos. Também falou que
quem deveria responder sobre o caso dos remédios e da merenda é o gestor
que ficou por último no cargo, Valdeci Vieira.
O Ministério Público abriu inquérito para apurar as responsabilidades
cível, criminal e administrativa para o ressarcimento dos cofres do
município.
G1/CE