Após ter sido aprovada pela
Comissão de Teólogos do Vaticano e anunciada na última quarta-feira, a
beatificação da "Heroína da Castidade" aguarda agora avaliação dos
cardeais da Igreja Católica e a aprovação do Papa Francisco
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Heroína da Castidade, como é
aclamada em Santana do Cariri, Benigna Cardoso da Silva teve sua beatificação
aprovada na Comissão de Teólogos da Congregação para as Causas dos Santos, no
Vaticano. Depois de cinco anos de estudos sobre sua história e devoção, o
processo agora cabe à avaliação da Comissão dos Cardeais e, em seguida, requer
a aprovação do Papa Francisco. Nomeada "Serva de Deus" pela Igreja
Católica, em 2013, a jovem foi brutalmente morta aos 13 anos de idade, em 1941.
A Diocese do Crato abriu o
processo de Benigna em 2011 e, dois anos depois, chegou ao Vaticano. Na fase
inicial, os teólogos investigam as virtudes ou o martírio, detalhando as
circunstâncias da morte. A comprovação de um milagre, critério necessário para tonar-se
beato, é dispensado no segundo cenário. No caso de Menina, ela foi assassinada
a golpes de faca por um adolescente que a assediava, depois que recusou a ter
relações com ele. Para os populares, "ela deu a vida para não cometer o
pecado".
Além da extensa documentação
que a equipe diocesana já entregou na Sede da Igreja Católica, o Vaticano
solicitou, em 2016, depoimentos de pessoas que viveram entre as décadas de 1940
a 1980, relatando graças alcançadas e sobre a consciência popular do martírio de
Benigna.
"Um processo muito
rápido. Acreditamos que a beatificação pode sair logo", conta o padre
Paulo Lemos, pároco da Igreja Matriz de Santana do Cariri. A beatificação é o
primeiro passo para a canonização, processo pelo qual a Igreja reconhece oficialmente
a fama e o testemunho de santidade de alguém que viveu e morreu, marcado pelas
virtudes cristãs.
Aprovação
Com a aprovação da Comissão
dos Teólogos, a fase mais longa do processo foi encerrada. Assim, resta aos
bispos discutirem a aprovação da beatificação da jovem. O resultado deve ser
divulgado entre oito meses e um ano. Caso o parecer seja favorável, Benigna se
tornará a primeira beata cearense. No entanto, em Santana do Cariri, ela já é
aclamada como santa popular em romaria que acontece há 15 anos. Na última
quarta-feira (24), cerca de 30 mil pessoas participaram do evento.
A Romaria de Benigna, este
ano, celebrou os 90 anos de nascimento da menina e 77 anos de seu martírio.
"Desde 1941, ela já tinha uma fama de santidade. Isso foi crescendo com as
primeiras romarias em 2003 e 2004. De 2013 para cá, a presença de visitantes
tem aumentado consideravelmente", acredita Ypsilon Félix, um dos
organizadores do evento.
O evento reuniu fiéis de todo
o Cariri e de outros estados, além de 60 padres. "Em um dia, Santana do
Cariri recebe mais pessoas que o Museu de Paleontologia em um ano".
Diário do Nordeste