O governador Camilo Santana (PT) negou que o bate-boca de seu aliado, o
senador eleito Cid Gomes (PDT), com militantes petistas, durante evento
de apoio à candidatura de Fernando Haddad (PT), nesta segunda-feira
(15), em Fortaleza, tenha provocado uma crise entre os dois partidos no
Estado.
Ao fazer o pronunciamento de abertura do evento, Cid, irmão de Ciro
Gomes, que ficou em terceiro lugar na disputa presidencial, disse que,
se a legenda petista não fizer um mea culpa no segundo turno, será "bem
feito perder a eleição". Petistas que estavam no evento reagiram e houve
uma troca de insultos com o senador, depois que ele chamou um militante
de "babaca".
Em entrevista ao Diário do Nordeste na manhã desta terça-feira (16),
Camilo, no entanto, colocou panos frios sobre a situação. Ele evitou
falar em crise entre o seu partido e o PDT, comandado pelos irmãos
Ferreira Gomes, no Estado, aliados históricos aqui.
O governador reeleito já defendeu publicamente que o PT deve fazer uma
autocrítica. Em junho deste ano, semanas antes do ex-presidente Lula -
preso em Curitiba há mais de quatro meses após condenação no caso do
tríplex - ter o seu pedido de registro de candidatura julgado pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Camilo afimou que, caso o petista
fosse impedido de concorrer ao pleito, o PT deveria apoiar a candidatura
de Ciro Gomes.
Ao ser questionado se foi um erro de estratatégia do PT não apoiar Ciro
no primeiro turno, uma vez que Haddad aparece com 41% das intenções de
voto, de acordo com pesquisa IBOPE, divulgada, nesta segunda, atrás de
Jair Bolsonaro (PSL), com 59%, o governador se limitou a dizer que não
vai discutir isso agora e que o foco é "trabalhar" no segundo turno em
prol de Haddad. Para ele, a candidatura de Bolsonaro é um "desastre"
para o Brasil.
"O que está em jogo aí não é PT, não é partido, não é A ou B, o que está
em jogo é o Brasil e, na minha opinião, um desastre para o Brasil, o
Bolsonaro. Primeiro, porque ele é antidemocrático, é reacionário,
discrimina as pessoas. Respeito o direito de todo mundo votar livremente
escolher os seus candidatos, mas é importante nesse momento a população
fazer uma reflexão. Eu não quero que meus filhos tenham um presidente
onde o símbolo dele é mostrar uma arma", frisou.
Diário do Nordeste