O que deveria ser atitude rotineira de cuidado exige, agora, maior
esforço por parte de órgãos de saúde: notícias e crenças falsas sobre
vacinação têm desestimulado os pais a imunizarem as crianças. O Ceará,
apesar de ser referência nas metas, ainda não alcançou a cobertura em
vacinas para menores de dois anos, de acordo com dados do Ministério da
Saúde (MS) - o que alerta, neste Dia Nacional da Vacinação, para uma
questão-chave: prevenir o retorno de doenças já erradicadas no Estado.
Três dos focos da campanha nacional "Porque contra arrependimento não
existe vacina", lançada neste mês pelo Ministério da Saúde, são a
poliomielite e a rubéola, doenças erradicadas no Brasil, mas cujos vírus
ameaçam voltar; além do sarampo, sem casos no Ceará, mas com
confirmações e mortes em vários estados brasileiros.
Segundo o infectologista pediátrico Robério Leite, "não existe um
controle global das doenças", e a importação de casos de outras
localidades, sobretudo do exterior, preocupa o Estado. "Não podemos
impedir que alguém doente chegue aqui, mas se tivermos uma cobertura
vacinal acima de 95%, como deve ser, impedimos a transmissão", alerta.
Conforme o MS, todas as vacinas indicadas para crianças com menos de um
ano ficaram abaixo da meta em 2017, menor nível em 16 anos.
Considerando nove vacinas obrigatórias para crianças de até 23 meses, o
Ceará havia atingido, até agosto, uma média abaixo de 70% de cobertura.
Fake news
A queda na cobertura vacinal no País, segundo a Pasta, põe em xeque
principalmente a saúde de crianças de até 23 meses, período em que são
aplicadas as principais imunizações. Como consta no Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA), porém, a vacinação "é obrigatória nos casos
recomendados pelas autoridades sanitárias do País", e quem descumpre
está sujeito a "multa de três a vinte salários mínimos".
A disseminação de fake news - as notícias falsas - sobre o assunto tem
interferido nas baixas coberturas e dificultado o alcance das metas no
Estado, segundo avalia a coordenadora de Imunização da Secretaria
Estadual de Saúde (Sesa), Ana Vilma Leite.
"As pessoas davam maior valor à vacinação, hoje é mais difícil.
Orientamos que se procure sites de órgãos de saúde. É preciso trocar o
medo pela informação", afirma, reconhecendo que alguns municípios
cearenses não conseguem alcançar as metas de 80%, 90% e 95% preconizadas
para as diferentes imunizações.
Diário do Nordeste