Portaria publicada no Diário Oficial do Estado desta quinta-feira, 11,
declarou estado de emergência zoossanitária no município de Forquilha
(Região Norte) por prazo de 12 meses. A medida se dá após confirmação de
foco de peste suína clássica. Assim, estão interditadas todas as
propriedades rurais e demais estabelecimentos com suínos e produtos “que
representem risco para manutenção ou difusão da doença”. O comércio de
suínos do Ceará - produção escoada apenas entre os estados do Nordeste
-, permanecerá impedido.
A publicação, assinada pelo secretário da Agricultura, Pesca e
Aquicultura (Seapa), Euvaldo Bringel, antecipa que “a área de emergência
zoossanitária poderá ser alterada, por ato normativo da Secretaria, de
acordo com a evolução das investigações epidemiológicas e dos trabalhos
de vigilância zoossanitária em execução”.
Está proibida a saída de suínos e demais produtos de risco para peste
suína, justificada pela necessidade da “imediata aplicação de medidas
específicas para contenção e eliminação” do vírus, prevenindo a
disseminação para outras áreas do Estado.
Alastramento
Partes dos municípios de Sobral e Groaíras também seguem em alerta
devido ao foco da doença, identificado em Forquilha, numa propriedade
familiar pequena, no distrito de Mulungu. As localidades vizinhas estão
dentro do perímetro de vigilância externa.
Pelo menos 109 porcos serão abatidos por conta do vírus. A Agência de
Defesa Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri) informou que foram
intensificadas as ações de vigilância epidemiológica e que todas as
medidas mitigatórias estão sendo tomadas para o controle da doença e de
consequentes prejuízos econômicos ao setor.
A doença
A peste suína clássica é fatal para os suínos domésticos e selvagens mas
não traz riscos à saúde humana e nem às demais espécies de animais
domésticos.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que não há
riscos de disseminação da doença que afete a produção nacional. O
problema foi informado à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).
A ABPA esclareceu que a Peste Suína Clássica é menos grave que a Peste
Suína Africana e tem processo de erradicação mais eficiente.
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o
caso não deve interferir nas exportações do Brasil, cujos produtos são
de criações de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Amorim Sobreira, diretor de Sanidade Animal da Adagri, informou nesta
quinta, 11, ao O POVO, que o sacrifício dos 109 animais vai ser feito
nos próximos dias. “Precisam providenciar alguns detalhes, como o local,
a máquina para cavar as valas onde os animais serão enterrados"
Amorim detalha que no Ceará existem aproximadamente 20 grandes
produtores com produção a partir de 300 matrizes, com população de
suínos em torno de 1,1 milhão de animais.
Prejuízos
Segundo Paulo Hélder, presidente da Associação de Suinocultores do Ceará
(Asce), fundos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina serão direcionados
para ressarcir o produtor da propriedade em que o foco foi encontrado.
Os dois estados têm interesse na resolução do problema, por serem
grandes exportadores da carne para o exterior. Paulo alerta que os
estados poderiam ser prejudicados, já que um foco da peste existe no
País e poderia impedir essa exportação.
Marcelo Lopes, presidente Associação Brasileira de Criadores de Suínos,
acrescenta que os procedimentos de biossegurança devem proteger as
produções que comercializam os porcos. "Tomamos todos os cuidados, como
bloquear o transporte de animais de um estado para o outro".
O POVO Online