O número de pessoas que ficaram feridas e morreram em acidentes de
trânsito envolvendo motocicletas chegou a 15.093 no Estado, no último
mês de setembro. O valor representa 86% do total de acidentes de
trânsito (17.485) registrados pela Seguradora Líder, responsável pelo
Seguro DPVAT, no Ceará, nos nove primeiros meses deste ano.
Juntos, os acidentes envolvendo carros, ônibus/microônibus, ciclomotor,
motocicletas, caminhões e pick-ups somam o restante de pessoas feridas e
mortas em colisões nas ruas, vias e rodovias do Estado, de janeiro a
setembro deste ano - 2.392 acidentes (14% do total registrado no Ceará).
Das 17.485 indenizações pagas pela Líder de janeiro a setembro de 2018,
1.602 (9%) foram por morte; 13.965 (80%) por invalidez e 1.918 (11%)
referente a despesas médicas. Do total de indenizações pagas por mortes,
70% foram para vítimas de acidentes com motocicletas (motociclistas,
passageiros e pedestres atropelados pelo veículo) - aproximadamente
1.123.
Segundo o médico traumatologista do Instituto Doutor José Frota (IJF) e
presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia no Ceará
(SBOT), Tiago de Morais Gomes, o número elevado se deve,
principalmente, a imprudência no trânsito por parte de motociclistas e
motoristas. Além disso, o médico ressalta que muitos do acidentados
atendidos no IJF chegam alcoolizados.
"Apesar da quantidade de campanhas de fiscalização e educação no
trânsito ter aumentado, a gente percebe que muitos ainda burlam as leis.
A maioria dos motoristas acidentados que chegam ao IJF, tanto com
motocicletas como com veículos de passeio, estão embriagados", ressalta
Gomes.
A imprudência no trânsito contribui com várias despesas pagas pelo
DPVAT, que indeniza vítimas de acidentes nas estradas sem apuração da
culpa. Assim como nos casos em que houveram óbitos, a maior parte das
indenizações por invalidez e despesas médicas de janeiro a setembro
deste ano também foram para as vítimas envolvidas em acidentes com
motocicletas - 12.528 e 1.642, respectivamente.
Para Gomes, os dados apontam um custo imensurável para o Estado, que vai
além dos valores pagos pelo seguro, e uma grande perda de força de
trabalho para a sociedade. "A maioria das vítimas dos acidentes são
jovens, entre 18 e 30 anos, que estão na fase de trabalhar, estudar. E
elas acabam ficando improdutivas por conta do acidente", explica.
Diário do Nordeste