No mercado de combustíveis, os reajustes para mais são sentidos com
rapidez. O repasse ao consumidor é feito de forma quase imediata. Mas
quando há redução de preço, o bolso dos motoristas demoram a desafogar. O
preço médio da gasolina tem sofrido quedas consecutivas desde julho,
com mais expressividade entre os meses de setembro e novembro. Contudo, o
corte não se reflete nas bombas, que continuam a marcar tarifas acima
dos R$ 4 no Ceará.
Para se ter ideia, em comparativo no nível nacional
entre os dias 27 de outubro e 27 de novembro, houve diminuição de 24%
do preço da gasolina que sai das refinarias para as distribuidoras -
valor antes da incidência de impostos. Em período similar, a queda de
preço foi de apenas 1,8% para os consumidores cearenses, segundo dados
da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A Petrobras calcula que revenda e distribuição correspondam, em média, a
16% do preço do litro de gasolina nas bombas. Na prática, as
referências são bem diferentes. Considerando o valor médio da gasolina
sem tributos em Fortaleza no mês outubro, de R$ 2,093, o litro custaria
R$ 3,287 já taxados (12% de etanol e 45% de impostos). Mas a média que
chegou ao consumidor foi de R$ 4,753. Mais de 30% do montante ficou
entre distribuidores e donos de postos.
Pela tabela média de preços da
ANP, a maior parte desse valor (20%) teria sido retido pelas
distribuidoras, que repassaram o combustível mais caro para os postos.
São os distribuidores que arcam com custos de logística e mixagem do
combustível. "Realmente não estamos sentindo isso na ponta da linha na
revenda. As razões podem ser várias. Um delas é que os estoques que
distribuidoras possuem foram adquiridos com preços anteriores mais
altos. Até que haja a equalização, o efeito de redução se faz mais
devagar, tanto em relação às distribuidoras como aos postos", explica o
especialista em petróleo e gás natural, Bruno Iughetti.
Iughetti
avalia que, até o fim desta semana, a redução dos preços nas bombas
possa ficar entre 5% e 8%. Para o especialista, além da alta carga
tributária, o custo com transporte do combustível também impacta na
precificação final. Se a promessa de refinaria no Estado tivesse se
concretizado, lembra, é provável que os cearenses pagassem menos pela
gasolina.
Para o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de
Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE), a infraestrutura pouco
influencia. O assessor econômico do Sindipostos, Antônio José, nega que
os valores praticados no Estado sejam muito mais altos que nas demais
unidades da federação. Para ele, o preço está na média nacional. "Quando
o produto sai da refinaria só correspondente a um terço do custo, já se
percebe nas bombas já. A gasolina original é um terço, metade é imposto
e tem custo de distribuição revenda e transporte. Quem define é o
mercado e os custos. Jamais será igual ao que a Petrobras dá. O grande
problema é a carga tributária", afirma.
Etanol
Os
preços do etanol hidratado recuaram nos postos de 15 Estados
brasileiros e no Distrito Federal na semana passada, segundo
levantamento da ANP compilado pelo AE-Taxas. Em outros 10 Estados houve
alta e no Amapá não foi feita avaliação. Na média dos postos
brasileiros pesquisados pela ANP, houve queda de 0,62% no etanol.
(O Povo)