Há exatos três anos, na madrugada de 12 de novembro de 2015, foram
assassinados, na Grande Messejana, 11 homens – sete deles adolescentes
de 16 e 17 anos. Três novembros depois, nenhum dos 44 policiais
militares do Ceará acusados da chacina foi julgado, e todos aguardam as
decisões judiciais em liberdade, exercendo funções administrativas na
corporação.
Em junho de 2016, sete meses após a matança, o Ministério Público do
Ceará (MPCE) ofereceu denúncia contra 45 PMs, acusando-os de onze
homicídios duplamente qualificados consumados e três tentados, três
torturas físicas e uma psicológica. O Judiciário aceitou a denúncia de
44 deles, excluindo um tenente coronel.
Do total de acusados, 34 devem ir a júri popular – entretanto, como
todos recorreram da decisão, os processos estão parados, e não há
previsão alguma para os julgamentos acontecerem. Quanto aos outros dez,
os juízes impronunciaram, ou seja, não consideraram as evidências de
participação suficientes para levá-los a júri. O MPCE entrou com recurso
para reverter a decisão.
Dor e memória
Independentemente da morosidade para julgar, condenar ou absolver, as
famílias das 11 vítimas seguem erguendo a voz por justiça. “Eu financiei
a bala que matou meu filho. Os carros, os celulares pra eles
(policiais) se comunicarem... Naquele mês, nós pagamos os salários
deles. Eu quero a condenação e a exoneração de todos”, sentencia Edna
Carla Sousa, 47, mãe de Alef Sousa, morto aos 17.
As memórias dele e de Alisson, Jardel, Marcelo Mendes, Marcelo da Silva,
Renayson (todos de 17 anos), Patrício, 16; Jandson, 19; Francisco
Enildo, 41; Valmir, 37; e Pedro, 18, aliás, devem percorrer vários
bairros de Fortaleza no Museu da Pessoa, uma mostra itinerante
organizada pelas famílias. “É uma exposição que nós vamos fazer com
áudios de depoimentos, fotos, os filmes ‘Nossos mortos têm voz’ e
‘ONZE’, e também manequins com roupas dos nossos filhos”, descreve Edna,
uma das integrantes da comissão organizadora.
G1