"Falei para ele que cada pontinho daquele representa os milhões de
pessoas que votaram ele. E que a partir de janeiro, ele vai ser a cara
do Brasil", afirma o artista plástico Rodrigo Gonçalves Camacho, 39
anos, autor de uma escultura do Brasil feita de cartuchos de balas que
ao mesmo tempo forma o rosto do presidente eleito, Jair Bolsonaro.
A segunda homenagem dele a Bolsonaro (a primeira, um busto também feito
de cartuchos, foi antes das eleições) foi entregue pessoalmente na manhã
desta sexta-feira (28).
Camacho nasceu em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, mas tem raízes no
Ceará. Se fosse vendida, a escultura custaria cerca de R$ 4 mil, de
acordo com o artista. Hoje, seus principais clientes são quarteis, bases
ou batalhões da polícia espalhados pelo país.
Começo
"Minha caneta é um cartucho", diz. "Eu tive a ideia quando fui convidado
por um amigo meu, que é subcomandante do Bope [Batalhão de Operações
Policiais Especiais], para conhecer o batalhão, que estava fazendo 40
anos. Aproveitei e fui conhecer o Caveirão. Quando eu avistei os
cartuchos no chão, e vi o símbolo da caveira, me deu um estalo. Eu ia
fazer a caveira do Bope de cartuchos".
Ser eleitor de Bolsonaro e defensor da posse de armas não impede o
artista de ter uma preocupação ecológica. "A ideia é reaproveitar um
material descartável, que representa a quantidade de vezes que a polícia
treina, valorizando mais os policiais. Uso pinos de granada, espoletas,
pinos de granada e cartuchos de armas calibre 12, que tem mais cores,
para transformar algo violento em arte, em paz".
Diário do Nordeste