Cerca de 5 mil pessoas de todo o País transferiram dinheiro para
conta de golpistas após terem recebido mensagens via WhatsApp de pessoas
se passando por amigos ou familiares. É o que aponta investigações da
Polícia Civil do Ceará. Em Fortaleza, 50 boletins de ocorrência já foram
registrados dando queixa sobre o crime, informou o delegado Julius
Bernardo, diretor da Célula de Inteligência Cibernética do Departamento
de Inteligência Policial (DIP).
Ele explicou, em entrevista
coletiva, como funciona o golpe. Os criminosos compram chip e solicitam o
resgate do número para uma nova conta do aplicativo, procedimento comum
quando, por exemplo, o aparelho é roubado. Com o resgate, a quadrilha
passa a ter acesso aos contatos daquele número. Então, fingindo ser o
titular da linha, mandam mensagens para pessoas próximas solicitando
transferências bancárias. Pela necessidade de documentos para solicitar o
resgate do número, a Polícia Civil investiga se funcionários de
operadoras de telefonia estão envolvidos com o golpe.
"Estamos
identificando se é alguma falha técnica, se eles descobriram algum bug,
se é funcionário, se infectaram o celular das vítimas".
O golpe
bloqueia a linha telefônica. Por isso, o delegado alerta que, em casos
em que a linha para repentinamente de funcionar, "é possível suspeitar
que foi esse golpe".
Conforme a investigação, os criminosos contam
uma história que justifique a transferência: troca do pneu do carro,
compra de eletrodoméstico ou outras necessidades básicas. Mas também a
compra de carro ou pagamento de serviço contratado. "Normalmente, eles
procuram pessoas com poder aquisitivo elevado. Já atacaram políticos e
outros funcionários de instituições públicas", disse o delegado-geral da
Polícia Civil do Estado, Everardo Lima, também na coletiva.
Também é investigado se prefeituras e prefeitos do Estado foram vítimas do golpe. Como O POVO mostrou
nas edições dos dias 4 e 5, pelo menos oito prefeitos tiveram celulares
clonados, que dispararam mensagem a secretários e assessores
solicitando transferências. Somente a Prefeitura de Camocim teve R$ 552
mil desviados, em cinco operações.
O dinheiro é transferido para
contas de "laranjas". Everardo Lima alerta que também essas pessoas
podem responder por estelionato. Conforme a Secretaria da Segurança
Pública e Defesa Social (SSPDS), alguns suspeitos foram identificados,
mas prisões ainda não foram efetuadas. (Colaborou Wanderson Trindade/Especial para O POVO)
PREJUÍZO
Somente em Fortaleza, as vítimas desse golpe do WhatsApp foram lesadas em valores que variam entre R$ 70 e R$ 80 mil.
COMO SE PREVENIR
A
verificação em duas etapas no WhatsApp pode prevenir o golpe, informa a
Polícia Civil. A opção torna a verificação do número de um celular
possível apenas mediante a digitação de uma senha numérica previamente
estabelecida.
Para ativar a opção, basta abrir o WhatsApp e ir até
a seção Configurações. Lá, clique em Conta. Aparecerá a opção
Verificação em Duas Etapas. Em seguida, clique em Ativar.
Será
solicitada uma senha de seis dígitos. Depois, um e-mail. Para esse
endereço será enviada a senha, em caso do usuário esquecê-la.
O
WhatsApp, no entanto, alerta que, se você receber um e-mail para
desativar a verificação em duas etapas mesmo sem ter solicitado, não é
recomendável que se clique no link. "Outra pessoa pode estar tentando
registrar o seu número no WhatsApp", diz a empresa.
Para ajudar a lembrar a senha, o WhatsApp solicita o código periodicamente.
Em
casos em que se torna necessário fazer o registro da conta novamente, o
WhatsApp pedirá a senha. "Se isso acontecer, e você tiver esquecido
seu PIN, você perderá o acesso à conta durante 7 dias".
(O Povo)