O ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) se manifestou nesta terça-feira (5)
contra a proposta do Governo Federal em fixar a idade mínima para
aposentadoria em 65 anos, tanto para homens, quanto para mulheres.
"Isso é um estilo do Bolsonaro. Essa proposta que vazou para o jornal,
como se fosse um acidente, não é uma proposta. Ele está fazendo aquele
'se colar, colou', está jogando a proposta com casca e tudo, muito pior,
para ter o que negociar. A nossa proposta em relação à idade é
diferente. Nós queremos fazer com que a idade evolua assim. Na medida em
que a expectativa de vida oficialmente anunciada pelo IBGE aumenta,
automaticamente aumenta a cada ano três ou quatro meses a idade mínima
para a aposentadoria", colocou.
O comentário foi feito na posse do deputado estadual Zezinho Albuquerque
como titular da Secretaria das Cidades, realizada nesta terça-feira
(5), na sala de reuniões do Palácio da Abolição, em Fortaleza.
Ciro criticou também a tentativa de estipular o direito à previdência
somente após 40 anos de contribuição. "Nós também não concordamos que
determinadas profissões tenham que contribuir o mesmo tempo das outras,
porque são profissões atípicas. Por exemplo, um professor não tem como
dar 40 anos de aula para merecer o provento integral. Um policial não
tem como correr atrás de bandido por 40 anos para ter direito a provento
especial", disse.
Outra proposta
Na terça-feira (29)o secretário de Planejamento do Estado do Ceará,
Mauro Filho, foi à Brasília para apresentar uma proposta de Reforma da
Previdência que estava no plano de governo da campanha de Ciro Gomes à
Presidência. O convite foi feito pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL).
Ciro também explicou alguns pontos da proposta.
"Nós temos um projeto que procura resolver o problema da Previdência,
porém respeitando as diferenças do Brasil, que é um país muito desigual.
Por exemplo, nosso projeto não aceita que se imponha ao trabalhador
rural a mesma idade mínima que se dá ao trabalhador engravatado do
ar-condicionado. Não é que um não seja tão respeitável quanto o outro, é
que a vida do campo, especialmente no sertão, no interior da Amazônia,
no Vale do Ribeira, no interior de São Paulo, é uma vida que muito
precocemente envelhece o nosso povo", afirmou.
A plataforma para mulheres também deve ser diferenciada, conforme opina o
político. "As mulheres no Brasil jogam uma dupla jornada de trabalho.
Por mais que a gente esteja modernizando a nossa sociedade, ainda é fato
que a mulher ganha 70% do salário que o homem ganha, pelo mesmo
trabalho, e ainda é fato que ela joga uma dupla jornada, tomando conta
de casa, tomando conta dos filhos, ainda que isso não seja justo e
esteja mudando. Portanto a previdência também tem que entender isso. São
determinadas coisas que a gente considera que têm que ser levadas em
conta. Se forem levadas em conta, a gente continuará colaborando. Se,
entretanto, esses valores, do compromisso que nós temos com os mais
pobres, forem abandonados, nós também iremos ficar contra a proposta".
Lei Anticrime
Ciro Gomes também aproveitou para criticar a Lei Anticrime, apresentada
pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, na última
segunda-feira (4). A proposta traz medidas para o combate de crimes
contra corrupção, crime organizado e crime violento e deverá ser
encaminhado ao Congresso Nacional nos próximos dias.
"É bobagem. Mal pensada, mal estudada. Não vai ao ponto. O grande
problema do Brasil é que hoje nós temos 760 mil pessoas presas, em
presídios que têm capacidade de reter 350 mil. Ou seja, nós temos dois
presos para cada vaga. E quando a gente vai olhar, quase 70% disso são
jovens presos com minúsculas quantidades de droga, para a polícia e para
o Judiciário fazerem de conta que estão enfrentando, enquanto o
verdadeiro banditismo, responsável pela violência, charla por aí afora
morando nos bairros ricos, e não nas favelas. O Brasil precisa
considerar isso se quiser fazer de fato uma reforma", avalia.
Diário do Nordeste