As pesquisas que utilizam a pele de tilápia para tratamento ou cura de problemas e enfermidades continuam avançando no Ceará.
O tecido animal foi utilizado como curativo biológico em queimaduras
,e um novo teste tem se mostrado eficaz na reconstrução de parte do
canal vaginal de uma paciente que sofreu complicações de uma
radioterapia pélvica.
A paciente, que veio a Fortaleza para realizar o procedimento, se
recupera da cirurgia feita em novembro, na Maternidade Escola Assis
Chateaubriand.
De acordo com o médico Leonardo Bezerra, o procedimento foi feito em
duas etapas: a primeira através da laparoscopia, onde as estruturas
bexiga e reto foram separadas. Num segundo momento, o canal vaginal foi
refeito.
“Com a pele de tilápia, ela possibilita a regeneração dessa camada
celular, ou seja, ela se transforma em células humanas, do epitélio
vaginal, através do recrutamento de células troncos, estimulo de
crescimento de novas células e de estruturas como colágeno”.
Enquanto o tratamento está em andamento, a paciente utiliza um molde
de látex para fixar a pele de tilápia no novo canal vaginal. Embora
tenha uma vida normal, ela ainda não pode ter atividade sexual. Sua
evolução está sendo observada.
“Se você examina-lá, não dá para saber que ela passou por esse
problema, que ela chegou um dia a não ter um canal vaginal pélvico
normal como ela tem agora. Os próximos passos portanto é fazer os
estudos de biopsia para saber se houve mesmo recuperação celular”. Se
confirmada a recuperação celular, a paciente pode reiniciar a vida
sexual em dois ou três meses.
Não é a primeira vez que a pele de tilápia é usada em tratamentos
ginecológicos. Os testes já foram eficazes em 10 mulheres que nasceram
com a síndrome de Rokitanksky, doença que provoca alterações no útero e
até ausência de parte da vagina. A diferença para a paciente mineira é
que ela desenvolveu problemas na cavidade vaginal ao longo da vida.
A membrana do peixe é estudada em pelo menos outros 27 tratamentos.
Mais um deles deve ter a fase de testes iniciada. Em março, no Hospital
Universitário Doutor Walter Cantídio, uma equipe de pesquisadores vai
verificar se a pele serve como prótese natural de feridas em diabéticos.
Se comprovada, o tratamento pode evitar casos de amputações.
(Tribuna do Ceará)