Após ficar em 4º lugar no ranking das distribuidoras de grande porte do
País em 2017, a Enel Distribuição Ceará (antiga Companhia Energética do
Ceará - Coelce) caiu para a 14ª posição no ano passado, conforme o
indicador de Desempenho Global de Continuidade (DGC), que avalia a
qualidade do serviço prestado pela empresa aos consumidores.
No ano passado, a Enel registrou um DGC de 0,82, o pior resultado obtido
pela companhia desde 2015 (0,85). O indicador é composto pelo tempo de
interrupções no fornecimento de energia (DEC) e pela frequência das
interrupções (FEC). O ranking, elaborado pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (Aneel), considerou todas as concessionárias do País
com mais de 400 mil unidades consumidoras.
Durante o ano de 2018, as unidades atendidas pela Enel Ceará passaram,
em média, 10,14 horas sem energia, o que representou um aumento de 15,5%
em relação ao tempo sem o serviço que foi registrado em 2017 (8,78
horas), segundo o indicador DEC.
Quedas de energia
Já a frequência em que essas quedas de energia aconteceram passou de uma
média de 5,37 vezes em 2017 para 5,57 vezes no ano passado, uma alta de
3,7%, segundo os dados da Aneel. Em igual período do ano passado, a
quantidade de consumidores atendidos pela Enel no Estado chegou ao
patamar de 3,482 milhões, o que garantiu um crescimento de 1,6% na
comparação com o fim do ano anterior.
Apesar do aumento da frequência das interrupções e do tempo sem energia,
o desempenho da Enel ficou dentro dos limites estabelecidos pela Aneel
para o Estado, de 10,92 (DEC) e de 7,82 (FEC). E considerando todas as
operações da Enel no País, a do Ceará foi a que apresentou o melhor
resultado no ranking. A empresa também presta serviço em São Paulo (24ª
colocada), Rio de Janeiro (28ª) e Goiás (30ª).
"Me preocupa muito essa piora. A gente já vinha acompanhando isso no
Iasc (Índice Aneel de Satisfação do Consumidor) em que a Enel não ficou
muito bem nos últimos três anos", diz Erildo Pontes, presidente do
Conselho de Consumidores da Coelce (Conerge).
Falha no sistema
Em nota, a Enel Distribuição Ceará argumenta que os indicadores de
desempenho da companhia foram negativamente impactados no ano passado
por conta de uma falha com origem no Sistema Interligado Nacional (SIN),
no mês de março.
"O evento externo, cuja responsabilidade não é da Enel, afetou o
fornecimento de energia nas regiões Norte e Nordeste e acabou impactando
os indicadores das distribuidoras da região. A Enel informa ainda que,
apesar deste fator, os indicadores de qualidade da distribuidora no
Ceará se mantém dentro dos limites estabelecidos pela agência
reguladora", aponta.
A Companhia destaca ainda que, em 2018, aumentou em 27,3% o volume de
investimentos em relação a 2017 e que os recursos, que são destinados,
entre outros fatores, à modernização e digitalização da rede no Estado,
"trarão impactos positivos na qualidade do serviço prestado".
Para Joaquim Rolim, coordenador do Núcleo de Energia da Federação das
Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), preocupa o fato da satisfação do
consumidor estar caindo desde 2015. "Mesmo com os elevados
investimentos, o consumidor não está percebendo uma melhora. Esperamos
que a Enel volte a ser uma das melhores do País, como era em outros
anos".
Brasil
No País, os consumidores ficaram, em média, 12,85 horas sem energia em
2018, o que representa uma redução de 10,45% em relação a 2017, quando o
brasileiro ficou submetido, em média, a 14,35 horas sem o serviço. O
resultado para o DEC no ano passado foi o menor valor histórico para
esse indicador e quase atingiu o nível regulatório de 12,72.
A frequência em que as interrupções ocorreram no País se manteve em
trajetória decrescente, reduzindo de 8,20 interrupções em 2017 para
7,17, em média, por consumidor em 2018, o que significa uma melhora de
12,56% no período. Em ambos os indicadores, o Ceará apresentou melhores
resultados do que a média nacional.
"A redução, para um nível recorde, da duração das interrupções do
fornecimento resulta da atuação firme da Agência. Se é marca a ser
celebrada, também é incentivo para buscar números cada vez melhores",
destacou o diretor-geral da Aneel, André Pepitone, sobre os resultados.
Diário do Nordeste