O Brasil registra uma morte por acidente de trabalho a cada 3 horas e 40
minutos. Segundo o Observatório Digital de Segurança e Saúde do
Trabalho, entre 2012 de 2018 foram contabilizados 17.200 falecimentos em
razão de algum incidente ou doença relacionados à atividade laboral.
Este domingo é o Dia Mundial e Nacional de Memória às Vítimas de
Acidentes e Doenças de Trabalho, uma data criada para alertar a
sociedade sobre o problema.
Os tipos de lesão mais comuns foram corte e laceração, com 734 mil casos
(21%). Em seguida, vêm fraturas, com 610 mil casos (17,5%), contusão e
esmagamento, com 547 mil (15,7%), distorção e tensão, com 321 mil (9,2%)
e lesão imediata, com 285 mil (8,16%). As áreas mais atingidas foram os
dedos (833 mil incidentes), pés (273 mil), mãos (254 mil), joelho (180
mil), partes múltiplas (152 mil) e articulação do tornozelo (135 mil).
As áreas com maior incidência de acidentes de trabalho foram atendimento
hospitalar (378 mil), comércio varejista, especialmente supermercados
(142 mil), administração pública (119 mil), construção de edifícios (106
mil), transporte de cargas (100 mil) e correio (90 mil). Já no ranking
por ocupação, as ocorrências mais frequentes foram as de alimentador de
linha de produção (192 mil), técnico de enfermagem (174 mil), faxineiro
(109 mil), servente de obras (97 mil) e motorista de caminhão (84 mil).
Entre os homens, os acidentes foram mais frequentes na faixa etária dos
18 aos 24 anos. Já entre as mulheres, no grupo de 30 a 34 anos.
Na distribuição geográfica, os estados com maior ocorrência destes
incidentes foram São Paulo (1,3 milhão), Minas Gerais (353 mil), Rio
Grande do Sul (278 mil), Rio de Janeiro (271 mil), Paraná (269 mil) e
Santa Catarina (185 mil).
Para além dos impactos principais e graves dos danos à vida e à
integridade de trabalhadores, os acidentes de trabalho também trazem
outras consequências. No período monitorado pelo Observatório, 351
milhões de dias de trabalho foram “perdidos” em razão dos afastamentos.
Os gastos estimados neste mesmo intervalo chegaram a mais de R$ 82
bilhões.
Na avaliação do coordenador nacional de Defesa do Meio Ambiente do
Trabalho, do Ministério Público do Trabalho, Leonardo Mendonça, o Brasil
ainda tem muito o que avançar. Mendonça diz que, a despeito do discurso
das empresas considerar a importância da segurança nos locais de
trabalho, a preocupação com a produção ainda vem em primeiro lugar.
O procurador argumenta que empregadores devem investir tanto em
prevenção como no fornecimento de materiais de segurança. “O ideal é ter
um ambiente de trabalho organizado não apenas no sentido de um local
limpo, mas saudável, que não seja propenso a adoecimentos”, defendeu, em
entrevista á Agência Brasil.
Segundo o procurador, a construção desse ambiente para evitar acidentes e
adoecimentos envolve uma preparação do conjunto das empresas, inclusive
a formação de seus funcionários e pessoas em postos de chefia. “É
preciso fazer capacitações com todos os setores da empresa. Desde o topo
até o funcionário de chão de fábrica para que tenha carimbo de que
realmente ela se preocupa com saúde”, argumenta.
Em abril, foi lançada a Campanha de Prevenção a Acidentes de Trabalho
(Canpat 2019), uma iniciativa conjunta do governo federal, Ministério
Público do Trabalho e entidades patronais e de empregadores. O objetivo
da iniciativa foi alertar para o problema e estimular empregadores e
trabalhadores a construírem ambientes mais saudáveis.
Agência Brasil