"Olha eu acho que o Lula,
primeiro, não deveria falar. Falou besteira. Maluco? Quem era o time
dele?", perguntou o presidente. Ele mesmo respondeu: "Grande parte
está preso ou está sendo processado. Tinha um plano de poder onde, nos
finalmentes, nos roubaria a nossa liberdade, ok?. Eu acho um equívoco, um erro
da Justiça ter dado direito a dar uma entrevista. Presidiário tem que cumprir
sua pena."
Questionado depois sobre a
polêmica envolvendo propaganda do Banco do Brasil, que foi retirada do ar,
Bolsonaro disse que ministros devem seguir sua linha de pensamento ou "ficar
em silêncio", se discordarem. O presidente mandou suspender nesta semana
uma propaganda comercial do banco - a peça, focada no público jovem, expunha a
diversidade racial e sexual. Após o cancelamento da campanha publicitária veio
à tona uma divergência entre o ministro da Secretaria de Governo, general
Carlos Alberto dos Santos Cruz, e o novo chefe da Secretaria de Comunicação da
Presidência, Fábio Wajngarten.
"Quem indica e nomeia
presidente do Banco do Brasil sou eu. Não preciso falar mais nada, então",
afirmou Bolsonaro. "A linha mudou. A massa quer o que? Respeito à família,
ninguém quer perseguir minoria nenhuma. E nós não queremos que dinheiro público
seja usado dessa maneira. Não é a minha linha. Vocês sabem que não é minha
linha."
O caso custou o cargo do diretor
de Comunicação e Marketing do Banco do Brasil, Delano Valentim. Nesta
sexta-feira, a Secom -- subordinada a Santos Cruz -- enviou um e-mail a
estatais com instruções para que todo o material de propaganda da administração
pública, incluindo o das estatais, passasse por análise prévia da pasta. A
ordem era para "maximizar o alinhamento de toda ação de publicidade".
Horas depois, porém, Santos Cruz
emitiu nota dizendo que a medida determinada pela Secom fere a Lei das Estatais
"pois não cabe à administração direta intervir no conteúdo da publicidade
estritamente mercadológica das empresas estatais". Questionado neste
sábado, 27, sobre como pretendia controlar a publicidade dessas empresas,
Bolsonaro respondeu que os ministros devem seguir seu pensamento ou não se
pronunciar.
"Olha, por exemplo, meus
ministros... Eu tinha uma linha, armamento. Eu não sou armamentista? Então,
ministro meu ou é armamentista ou fica em silêncio. É a regra do jogo",
afirmou ele. A frase foi interpretada até por aliados como um puxão de orelha
em Santos Cruz.
Previdência
Sobre a reforma da Previdência,
Bolsonaro afirmou que a proposta "não pode ser desidratada". Segundo
o presidente, se o texto aprovado pelo Congresso Nacional representar uma
economia abaixo de R$ 800 bilhões isso será o mesmo que "retardar a queda
do avião".
"Ela (a proposta) não pode
ser desidratada, tem um limite. Abaixo disso apenas, como disse Paulo Guedes
(ministro da Economia), vai retardar a queda do avião. O Brasil não pode
quebrar. Nós temos que alçar um voo seguro para que todos possam se beneficiar
da nossa economia", afirmou.
Bolsonaro fez o comentário ao
abordar críticas do presidente da comissão especial que analisa a proposta de
emenda à constituição (PEC) da reforma, o deputado Marcelo Ramos (PR-AM). O
parlamentar afirmara que Bolsonaro prejudica a reforma ao falar dela. Na
quinta-feira, o presidente disse a jornalistas, durante café da manhã no
Palácio do Planalto, que uma economia de R$ 800 bilhões seria um ponto de
inflexão positivo na economia. Um valor abaixo, na sua avaliação, poderia levar
a uma crise como a da Argentina. A proposta original da equipe econômica,
porém, previa mais de R$ 1 trilhão de economia ao governo.
O presidente argumentou, ainda,
que existe uma relação de respeito mútuo entre ele e o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ) e disse que todos os brasileiros dependem da ação
conjunta de ambos. Bolsonaro observou que pretende conversar com o deputado a
respeito de declarações dele sobre seus filhos, associados por Maia a
"loucuras" do governo.
Em entrevista ao site Buzzfeed,
Maia afirmou que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) vive um "momento de
deslumbramento" e é quem, na prática, comanda as Relações Exteriores do
País. De acordo com o site, Maia disse, ainda, que o vereador Carlos Bolsonaro
(PSC-RJ) "pode ser doido à vontade", mas "todos estão
convictos" de que, na prática, é o próprio Bolsonaro quem comanda essas
ações nas redes sociais.
"Eu tenho certeza de que
isso é um fake (falso). Eu gosto do Rodrigo Maia, ele tem respeito comigo e eu
tenho por ele. Mandei mensagem via Onyx (Lorenzoni, ministro da Casa Civil)
para ele ontem à noite dizendo que o que nós dois juntos podemos fazer não tem
preço. E 208 milhões de pessoas precisam de mim e dele, e grande parte de
vocês. Rodrigo Maia é pessoa importantíssima para o futuro de 208 milhões de
pessoas. Espero brevemente poder conversar com ele", afirmou.
Perguntado sobre a intenção do
Ministério da Educação de reduzir verbas para cursos superiores de Ciências
Humanas, como Sociologia e Filosofia, Bolsonaro não detalhou como a medida se
daria. "Precisamos formar bons profissionais que sejam úteis para o Brasil
e não formar militantes", disse.
Bolsonaro esteve neste sábado na
periferia de Brasília visitando a menina Yasmin Alves, que participou da
comemoração de Páscoa no Palácio do Planalto, na semana passada. O presidente
esclareceu que perguntou ao grupo de crianças que esteve no Planalto quem ali
era palmeirense. "E ela falou que não. Nada mais além disso", afirmou
Bolsonaro.
Na ocasião, o jornal O Estado de
S. Paulo publicou, com base no vídeo postado nas redes sociais do presidente,
que a menina havia se recusado a cumprimentá-lo. A informação foi corrigida
imediatamente após o governo esclarecer que a negativa da menina era, na
verdade, uma resposta ao questionamento do presidente sobre futebol.